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terça-feira, 8 abril, 2025
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Idosa presa pelo 8 de janeiro pode ser “mais um Clezão”, alerta advogado

Por Alexandre Gomes

Adalgiza Maria Dourado sofre com depressão, arritmia e descaso médico dentro do presídio do Distrito Federal

O caso da idosa Adalgiza Maria Dourado, de 65 anos, presa por envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, acendeu um novo sinal de alerta sobre o tratamento desumano dispensado aos detidos pela Justiça brasileira. Com depressão profunda, arritmia cardíaca e outras comorbidades, Adalgiza permanece encarcerada no Presídio Feminino do Distrito Federal, sem acesso adequado a cuidados médicos e longe de sua família.

A denúncia foi feita pelo advogado Luiz Felipe Cunha, que afirma que sua cliente pode se tornar “mais um Clezão” — em referência a Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, que morreu na prisão após sofrer um mal súbito, mesmo após a Procuradoria-Geral da República ter concordado com o pedido de liberdade. O pedido, no entanto, foi ignorado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Estamos vendo uma repetição trágica. A Adalgiza está em um estado gravíssimo, lutando contra doenças físicas e emocionais dentro de uma prisão que sequer oferece o básico. Se algo acontecer com ela, a responsabilidade será do Estado brasileiro”, declarou Cunha em entrevista ao Jornal da Oeste.

Justiça ignora pedidos de atendimento médico

A defesa de Adalgiza afirma que solicitou por quatro vezes autorização judicial para que a idosa fosse submetida a um simples eletrocardiograma, essencial para monitorar sua arritmia. A juíza Leila Cury, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), chegou a autorizar a realização do exame — mas até hoje ele não foi feito.

“O descaso é evidente. Ela está com sintomas graves, e ainda assim nada acontece. O Estado está brincando com a vida de uma senhora de 65 anos, tratada como inimiga pública por causa de sua opinião política”, afirmou o advogado.

Além das questões médicas, Adalgiza enfrenta um quadro severo de depressão, agravado pelo isolamento e pelas condições do presídio. Segundo relatos da família e da defesa, a idosa já demonstrou sinais de ideação suicida.

Tratamento desproporcional e perseguição política

O caso de Adalgiza se soma a uma série de denúncias que envolvem condenações desproporcionais, negligência médica e abandono jurídico de manifestantes presos após os atos de 8 de janeiro. Críticos do atual governo e do STF alegam que o tratamento dispensado aos envolvidos revela um viés ideológico e perseguição política, num claro desrespeito ao devido processo legal e aos direitos humanos fundamentais.

“É inacreditável ver uma idosa condenada a 14 anos por estar entre manifestantes, enquanto criminosos perigosos saem da cadeia com tornozeleira ou delações premiadas”, disse um parlamentar da oposição, que preferiu não se identificar.

Clamor por anistia cresce

O caso de Adalgiza fortalece o movimento pela anistia aos presos políticos do 8 de janeiro, que vem ganhando apoio popular e parlamentares. Deputados como Luciano Zucco, Carol De Toni e Ubiratan Sanderson já denunciaram reiteradamente os abusos jurídicos cometidos e cobram urgência na votação do projeto de anistia na Câmara dos Deputados.

“Não podemos aceitar que o caso de Clezão se repita. O Congresso precisa agir antes que mais uma vida seja perdida pela inércia, pela omissão e pela politização da Justiça”, disse Luiz Felipe Cunha.

A expectativa é de que o tema volte à pauta com mais força nos próximos dias, especialmente com o ato público convocado para o domingo, 6 de abril, na Avenida Paulista, em defesa da anistia e do restabelecimento das garantias constitucionais.

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