Levantamento recente baseado em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado no final de maio, expôs um cenário preocupante para o Brasil: em 12 Estados da federação, há mais famílias recebendo o Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada no setor privado. A maioria dos casos está concentrada nas regiões Norte e Nordeste, revelando a persistência da dependência de programas sociais e a fragilidade do mercado de trabalho formal, especialmente sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Maranhão: quase duas famílias por trabalhador formal
O caso mais grave é o do Maranhão, onde há 1,2 milhão de famílias recebendo o Bolsa Família, contra apenas 669 mil empregos formais registrados — quase duas famílias por trabalhador com carteira assinada. Este desequilíbrio social é um retrato da falta de dinamismo econômico e de políticas eficazes de geração de emprego nas regiões mais pobres do país.
Por contraste, em Estados do Sul e Sudeste, como Santa Catarina, há 11 trabalhadores com carteira para cada beneficiário do Bolsa Família, demonstrando que o problema não é estrutural ao Brasil, mas sim regional e fruto de ausência de políticas de desenvolvimento eficazes.
Retrocesso no emprego formal e avanço da dependência
Antes da pandemia, oito Estados já apresentavam esse desequilíbrio entre beneficiários do Bolsa Família e empregos formais. Com a crise sanitária e o aumento de programas emergenciais durante o governo Bolsonaro, esse número subiu para 13. Com Lula de volta ao poder em 2023, o cenário pouco evoluiu: 12 Estados continuam mais dependentes de repasses sociais do que da geração de emprego com carteira assinada.
Em vez de priorizar a reestruturação econômica e a retomada do emprego, o governo Lula optou por ampliar o alcance do Bolsa Família e elevar o valor médio do benefício para R$ 681, acentuando a cultura de dependência do Estado. A mudança de nome do programa (de Auxílio Brasil de volta para Bolsa Família) não significou uma mudança estrutural: o assistencialismo segue sendo o centro da política social petista, em detrimento da produtividade e da empregabilidade.
Queda na formalização ainda é preocupante
Embora o governo afirme que está promovendo “revisões no cadastro” e que 1,1 milhão de pessoas foram excluídas do programa desde 2023, os números não mostram uma recuperação vigorosa do emprego formal. Pelo contrário, em boa parte do país, a informalidade ainda predomina e o Estado se mantém como o único sustento de milhões de famílias.
Segundo dados de agosto de 2024, o Brasil tinha um beneficiário do Bolsa Família para cada 2,3 trabalhadores formais, o que representa 42,6% do total de empregos com carteira assinada — um índice que mostra a frágil recuperação da economia real sob a gestão Lula.
Críticas à política econômica e social do governo
Especialistas em mercado de trabalho criticam a falta de incentivos à formalização, o custo elevado de manter pequenas empresas e a ausência de reformas que incentivem o setor produtivo. Para a oposição, os dados evidenciam que o governo Lula prefere manter a população dependente do Estado, em vez de oferecer condições para que os cidadãos prosperem por conta própria.
Além disso, há sinais claros de uso eleitoral dos programas sociais, como já ocorreu em eleições anteriores. A distribuição massiva de benefícios em regiões de baixa renda acaba gerando uma fidelização política artificial, baseada na vulnerabilidade econômica e não em mérito de gestão.
Os números revelam uma dura realidade: mais de duas décadas após o lançamento do Bolsa Família, o Brasil ainda convive com bolsões de pobreza onde o benefício social supera a geração de empregos formais. Sob o governo Lula, a promessa de desenvolvimento e inclusão permanece no discurso, mas falha na prática. O desafio continua sendo o mesmo: substituir dependência por dignidade, e assistencialismo por oportunidade. Até agora, o governo do PT não conseguiu — ou não quis — fazer essa transição.