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sexta-feira, 20 junho, 2025
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Rede ‘anti-fake news’ do governo Lula opera em sigilo, custa milhões e monitora opositores, diz Estadão

Por Alexandre Gomes

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se apresenta como defensor da democracia e da transparência, seu governo mantém em funcionamento uma rede “anti-fake news” milionária, envolta em sigilo, com pouca transparência e práticas questionáveis. A Rede Minerva, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), já consumiu R$ 54 milhões em recursos públicos, com foco em monitoramento de redes sociais — inclusive de parlamentares da oposição.

Embora atue dentro da estrutura federal e tenha sido criada a partir de interlocução com a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, comandada por Sidônio Palmeira, a Secom tenta se descolar do projeto e nega qualquer responsabilidade, mesmo com indícios de participação em sua concepção.

Rede opera com verba milionária e pouca transparência

A Rede Minerva é financiada principalmente com R$ 42 milhões do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), que deveria ser destinado à reparação de direitos coletivos lesados, e R$ 12,1 milhões do Ministério da Saúde. De forma irônica, a estrutura destinada ao “combate à desinformação” atua em segredo, sem disponibilizar publicamente seus relatórios de maneira clara e frequente.

Apenas após questionamentos da imprensa o Ibict (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), responsável pela rede, liberou parte do material produzido, prometendo mais “ao longo do tempo”. Ou seja, não há transparência compatível com o uso de verbas públicas, enquanto relatórios continuam restritos a órgãos do próprio governo.

Monitoramento de opositores

Matéria do Estadão revelou que a Rede Minerva monitora publicações de parlamentares opositores, como Carlos Jordy (PL-RJ), Julia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO), além de veículos de comunicação que criticam o governo. O que seria um projeto de “ciência e combate à desinformação” se revela, na prática, uma ferramenta política de vigilância e intimidação de vozes dissonantes.

O trabalho de monitoramento é executado pelo Labic (Laboratório de Internet e Ciência de Dados) da Universidade Federal do Espírito Santo, que se recusou a divulgar o volume total de postagens analisadas. A falta de critérios públicos e objetivos para o monitoramento levanta sérias preocupações sobre liberdade de expressão e uso político da máquina estatal.

Concessão de bolsas e viagem à Cuba

Além da função obscura da rede, há indícios de mau uso do dinheiro público. O próprio diretor do Ibict, Tiago Emmanuel Nunes Braga, passou a receber uma bolsa de R$ 7 mil mensais por 4 horas semanais de trabalho, indicada por ele mesmo. A justificativa foi aceita pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, sob a alegação de “coordenação dupla do projeto”.

Como se não bastasse, a rede também financiou uma viagem de R$ 16,5 mil para Cuba, onde um dos pesquisadores participou de um evento promovido pela Unión de los Periodistas de Cuba, entidade ligada ao regime autoritário da ilha. O episódio, além de inadequado do ponto de vista ético, expõe os laços ideológicos que ainda orbitam o entorno do governo petista, mesmo que disfarçados de ações “técnicas”.

Secom nega

Questionada, a Secom afirmou que “não participa da governança” nem financia diretamente a rede, embora fontes confirmem que o projeto nasceu de discussões envolvendo o próprio órgão. A tentativa de distanciamento revela um governo que quer os benefícios políticos de iniciativas obscuras sem assumir o ônus institucional de sua criação e funcionamento.

A Rede Minerva é mais um exemplo de como o governo Lula gasta milhões de reais para criar estruturas que servem menos à ciência e mais ao controle político. O projeto, apesar de travestido de combate à desinformação, opera com opacidade, monitora opositores e distribui verbas sem critérios claros — uma prática alarmante para um governo que se diz defensor da democracia.

O caso exige apuração rigorosa, transparência imediata e responsabilização dos envolvidos, pois o uso de dinheiro público para alimentar redes de vigilância política não pode ser normalizado em um Estado democrático de direito.

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