Cinco meses após a aprovação do novo marco fiscal pela Câmara dos Deputados, persistem incertezas quanto à capacidade do governo Lula de cumprir a meta de déficit zero, preocupando os participantes do mercado.
Rogério Xavier, CEO da SPX Capital, destaca a situação delicada das contas públicas domésticas, argumentando que o Brasil provavelmente não atingirá a meta estabelecida para o ano em curso.
“O consenso no mercado é que não alcançaremos o déficit zero, e a trajetória da dívida/PIB está em ascensão. Mas o mais preocupante é a rapidez com que essa situação piora […] o problema é que estamos esgotando a capacidade de aumentar a arrecadação para financiar o déficit”, alertou Xavier durante o Latin America Investment Conference, promovido pelo Grupo UBS.
A previsão do mercado para o presente ano, aponta para um déficit situado entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Xavier sugere que, em um contexto de redução das taxas de juros nos países desenvolvidos e uma economia global favorável, o Brasil pode se beneficiar em 2024. No entanto, ele destaca o modelo considerado “deficiente” do marco fiscal aprovado.
“O modelo implementado no arcabouço é inadequado, pois prioriza a receita em vez de conter as despesas”, explica o economista.
O ceticismo de Xavier é reforçado pela agenda e viés do governo atual, que, segundo ele, se orientam para aumentos nos gastos sociais.
“O governo busca um aumento real do salário mínimo, deseja manter as despesas de educação e saúde em patamares elevados, o que vai contra o necessário para ajustar as contas públicas”, afirmou o gestor.