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quinta-feira, 28 novembro, 2024
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Banco Central sob pressão: Economistas divergem sobre necessidade de alta da Selic

Por Marina B.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para setembro, gera grandes expectativas. Alguns analistas e investidores sugerem que o Banco Central (BC) deve elevar a taxa de juros e iniciar um ciclo de aumentos moderados até dezembro, adiando uma redução mais significativa para o ano que vem.

No entanto, essa visão não é unânime entre os especialistas. Felipe Salto, economista-chefe da Warren, afirma que não vê fundamentos técnicos para um aumento da Selic em setembro. Em entrevista à CNN, ele rejeita a ideia de que há insustentabilidade fiscal ou desancoragem das expectativas de inflação, que são argumentos frequentemente utilizados para justificar uma decisão mais rigorosa do BC.

“Do ponto de vista fiscal, a receita tem contribuído para melhorar o resultado primário. O déficit projetado para este ano é muito menor que o de 2023. Portanto, não há pressão fiscal ou nas expectativas de inflação que justifique um aumento das taxas de juros neste momento. Tecnicamente, não vejo necessidade de elevar os juros no curto prazo”, explica Salto.

Ele também menciona o cenário externo, onde se espera uma redução das taxas de juros nos Estados Unidos em setembro. Na semana passada, o presidente do Federal Reserve, durante um discurso no simpósio de Jackson Hole, sinalizou fortemente para uma possível diminuição das taxas no próximo encontro do banco central americano.

Salto acredita que uma redução das taxas americanas beneficiaria o Brasil e aliviaria a pressão sobre o BC, contribuindo para a valorização do real frente ao dólar e ajudando a controlar a inflação.

“Com a Selic a 10,50%, ainda temos uma política contracionista com uma taxa real de juros superior a 7%. Isso está acima da taxa neutra de juros, por isso não vemos sentido em um aumento dos juros no curto prazo”, reforça.

Embora não veja necessidade imediata para um aumento da Selic, Salto reconhece que a possibilidade não pode ser descartada, citando recentes declarações de diretores do Banco Central. O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, indicado para suceder Roberto Campos Neto em dezembro, afirmou recentemente que um aumento da taxa está entre as opções a serem consideradas pelo Copom, se necessário para cumprir a meta de inflação.

Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano. O ciclo de cortes começou em agosto de 2023, quando a taxa foi reduzida de 13,75% para 13,25%. Desde então, o BC tem adotado uma postura de redução gradual dos juros. No entanto, no primeiro semestre, as expectativas do mercado em relação à saúde fiscal do Brasil pioraram devido à mudança na meta fiscal, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre gastos e a falta de medidas para cortar despesas. Além disso, a deterioração do cenário internacional e a valorização do dólar frente ao real contribuíram para uma visão mais pessimista.

Os dados mais recentes do Boletim Focus indicam que a taxa básica de juros deve encerrar 2024 no nível atual de 10,50% e cair para 9,75% ao final de 2025.

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