Dólar Hoje Euro Hoje
terça-feira, 3 dezembro, 2024
Início » Com inflação acima da expectativa, economistas apontam saídas além de subir juros

Com inflação acima da expectativa, economistas apontam saídas além de subir juros

Por Alexandre Gomes

Alta dos preços ocorre a despeito do endurecimento dos juros, que voltaram a subir nos últimos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom)

A prévia da inflação acima das expectativas em novembro acende um alerta no mercado sobre alternativas para trazer os preços para baixo, além da alta dos juros pelo Banco Central (BC).

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) foi acelerou 0,62% neste mês, ante alta de 0,54% em outubro. No acumulado de 12 meses, o indicador foi a 4,77% – se mantendo acima do teto da meta da inflação. O BC persegue meta de 3% neste ano e nos próximos, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

A alta dos preços ocorre a despeito do endurecimento dos juros, que voltaram a subir nos últimos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

No início deste mês, o colegiado elevou a taxa básica em 0,5 ponto, ao patamar de 11,25% ao ano. Em setembro, o colegiado já havia decidido de forma unânime pelo aumento de 0,25 ponto na Selic, passando a 10,75%, a primeira elevação desde agosto de 2022.

Em entrevista ao CNN Money, Diego Hernandez, economista e fundador da Ativa Investimentos, pontuou que a taxa de juros elevada não será o suficiente para conter o aumento dos preços.

“Temos dados que podem estar sendo pressionados artificialmente pela política fiscal. E a política monetária por si só não será o suficiente para conter a alta da inflação”, diz o especialista.

“A Política monetária por si só não será suficiente para conter o aumento de inflação. É importante que o lado fiscal seja sanado. Caso contrário, o trabalho do novo presidente do BC vai ser um trabalho bem difícil em elevar os juros para 12%, 13%, 14%… e não ver um efeito muito grande no lado real da economia”.

Ajustes fiscais são fundamentais

Na ponta fiscal, analistas ouvidos pela CNN são unânimes em apontar o controle de gastos do governo como parte fundamental de controlar os preços e, assim, aliviar a alta dos juros pelo BC.

Paulo Gala, economista-chefe Banco Master, ressalta que a economia brasileira está muito aquecida – cenário que se vê com desemprego ao menor patamar em uma década.

O esperado pacote de ajuste fiscal que deve ser anunciado pelo governo federal nesta semana é uma das saídas para ajudar a desacelerar as atividades e contribuir para uma política de juros mais frouxos.

“Quanto mais controlar os gastos agora, o que eu acho correto, menos pressão sobre os juros”, resume o economista.

Na mesma linha, Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, pontou que o impulso fiscal, ou seja, a injeção de recursos públicos na economia, é “exagerado”.

Segundo ela, são necessárias políticas “anticíclicas”, com a retirada de estímulos para que o crescimento do país seja mais equilibrado e não resulte em inflação.

“A gente, na verdade, precisa de ver uma desaceleração do crescimento da nossa economia, porque esse crescimento está além do nosso potencial e está gerando inflação. Um corte de gastos nesse momento é positivo para o crescimento”, disse ao CNN Money.

Já Felipe Salto, economista-chefe da Warren, também aponta para o câmbio como um fator que puxa os preços para cima, que também é resultado da expectativa com a política fiscal do Executivo.

“Me parece que não há muita saída, por ora, enquanto o governo não desanuviar o quadro no que se refere às contas públicas. Daí a importância do pacote”, pontua.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.