A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, liderada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, ajustou suas projeções para a taxa básica de juros de 10,25% para 10,50% até o final de 2024 e 2025, conforme relatório enviado aos clientes nesta segunda-feira.
Em meio a expectativas crescentes de inflação, já parcialmente desancoradas, uma atividade econômica resiliente e maiores incertezas tanto domésticas quanto externas, eles destacam que não há mais espaço para novos cortes na taxa de juros, conforme o relatório com previsões macroeconômicas para o Brasil.
A pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com agentes do mercado nesta segunda-feira indicou que a mediana das projeções ainda contempla um corte de 0,25 ponto percentual na Selic quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunir na próxima semana, nos dias 18 e 19.
A última decisão, quando a taxa foi reduzida de 10,75% para 10,50%, gerou volatilidade, principalmente devido à divisão de votos. Recentemente, o mercado vem demonstrando apostas de que a próxima ação do BC será de manutenção, entre outras razões, devido à piora nas projeções de inflação.
O Itaú manteve sua previsão de alta de 3,8% para o IPCA em 2024, porém, observaram que o balanço de riscos permanece assimétrico, com risco altista em alimentação devido ao atraso na normalização dos choques de in natura e às enchentes no sul do país, e em serviços devido ao mercado de trabalho apertado. Para 2025, os economistas do banco projetam inflação de 3,7%, também citando riscos altistas.
A equipe liderada por Mesquita também não alterou as estimativas de crescimento do PIB para 2024 e 2025, mantendo-as em 2,3% e 1,8%, respectivamente. Eles explicam que os efeitos das enchentes na região Sul do país aumentam a incerteza para o segundo trimestre e podem ter um viés de baixa para as projeções anuais, mas preferem aguardar mais dados para uma avaliação precisa do impacto econômico.
As projeções para a taxa de câmbio permaneceram em R$ 5,15 por dólar em 2024 e R$ 5,25 por dólar em 2025, considerando os fundamentos externos, como um dólar forte, e domésticos, incluindo o aumento do prêmio de risco e a significativa piora das contas externas.
Quanto ao lado fiscal, a equipe liderada por Mesquita manteve as estimativas de déficit primário em 0,6% do PIB em 2024 e 0,9% do PIB em 2025, avaliando que uma arrecadação mais robusta deve compensar os gastos relacionados às medidas de auxílio ao Rio Grande do Sul. Eles destacaram que o risco fiscal permanece elevado, considerando a dificuldade em alcançar uma trajetória sustentável de convergência nos resultados primários, o crescimento acentuado das despesas obrigatórias e as restrições para aumentar as receitas, o que pode implicar em mudanças nos principais parâmetros do arcabouço aprovado no ano anterior.