Para os economistas, o aumento dos preços dos combustíveis, anunciado nesta segunda-feira pela Petrobras, deve reforçar a postura cautelosa do Banco Central, que já havia interrompido o ciclo de cortes da taxa Selic.
André Braz, Coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, estima que o reajuste terá um impacto de aproximadamente 0,13 ponto percentual no IPCA. Cerca de dois terços desse aumento serão refletidos na inflação de julho, com o restante aparecendo em agosto.
Braz explica que a desvalorização do real frente ao dólar nas últimas semanas, mais do que a variação do preço do petróleo no mercado internacional, é a principal razão para o aumento. Ele menciona que, como o Brasil importa muita gasolina, a alta do câmbio torna as importações mais caras. Se o dólar cair, os preços podem ser ajustados para baixo, dependendo também do valor do barril de petróleo.
O real desvalorizado pressiona a inflação porque muitas empresas dependem de matéria-prima importada, e os custos de produção aumentam, sendo repassados ao consumidor. Braz não descarta a possibilidade de que isso possa levar o Copom a elevar a Selic, embora considere essa possibilidade improvável. O Copom já se comprometeu a manter os juros altos até que a inflação se alinhe à meta.
O BTG Pactual aumentou sua projeção para o IPCA em 2024 de 4,2% para 4,4%, citando o impacto do aumento dos combustíveis. O banco estima um impacto direto de 0,13 ponto percentual na inflação, além de 0,04 pp via etanol e 0,04 pp do aumento do gás de cozinha (GLP), totalizando um impacto de 0,21 pp.
O Itaú Unibanco projeta um aumento de 0,19 pp na inflação, com 0,13 pp decorrentes da gasolina, 0,03 pp do efeito sobre o etanol e 0,03 pp do reajuste do GLP. O impacto será visto majoritariamente em julho e agosto.
Luciana Rabelo, economista do Itaú Unibanco, afirma que o cenário do banco para a Selic em 2024 permanece inalterado, mas o reajuste dos combustíveis pode aumentar as expectativas de inflação.
A XP Investimentos projeta um impacto de 0,21 pp no IPCA, sendo 0,14 pp em julho e 0,07 pp em agosto, e considera revisar sua projeção de inflação para 4%, aguardando a divulgação do IPCA nesta semana.
A Ativa Investimentos estima um impacto de 0,17 pp no IPCA deste ano devido ao reajuste da gasolina, podendo chegar a 0,25 pp se a Petrobras zerar a defasagem. Esse impacto deve ser sentido pelo consumidor na segunda quinzena de julho.