Dados recentes do projeto de pesquisa #WeCount, da Sociedade de Planejamento Familiar, revelam um aumento notável no número de abortos nos Estados Unidos, dois anos após a anulação da decisão Roe v. Wade pela Suprema Corte, que anteriormente garantia o direito constitucional ao aborto. Entre janeiro e março de 2024, a média mensal de abortos foi de cerca de 98.990, com o total nacional superando 100.000 em janeiro pela primeira vez desde o início da pesquisa.
Os estados com os maiores índices de abortos mensais são Califórnia, Nova York, Illinois, Flórida e Nova Jersey. Em contraste, estados como Texas, Geórgia, Tennessee, Louisiana e Alabama apresentaram os maiores declínios no número de abortos.
O aumento registrado é parcialmente atribuído ao crescimento dos “abortos por telemedicina”, onde medicamentos abortivos são prescritos e enviados remotamente, especialmente em estados com leis que permitem essa prática, mesmo onde o aborto é severamente restrito. Nos primeiros três meses de 2024, aproximadamente 9.200 abortos mensais foram realizados sob essas leis.
Michael New, professor da Universidade Católica da América e pesquisador associado sênior no Charlotte Lozier Institute, expressou dúvidas sobre os dados do #WeCount, apontando que a organização não possuía experiência anterior na estimativa de dados sobre aborto antes de 2022. New criticou a pesquisa que sugere que 20% dos abortos são realizados por telemedicina, considerando esse número questionável.
Além disso, New alertou que o crescimento dos abortos em estados com leis de proteção deve ser motivo de preocupação para os defensores da vida, pois essas leis podem enfraquecer o impacto das legislações pró-vida já existentes. Ele propôs que a solução ideal seria a eleição de um presidente pró-vida que nomeasse pessoal da FDA disposto a restringir o envio de pílulas abortivas pelo correio.
A situação atual demonstra um cenário complexo e dinâmico em relação ao aborto nos Estados Unidos, com implicações legais e políticas significativas em jogo.