A Arquidiocese de São Paulo manifesta a intenção de ouvir o jornalista Cristiano Gomes, de 48 anos, que alegou ter sido vítima de assédio sexual pelo padre Júlio Lancellotti em 1987, quando era coroinha na Paróquia de São Miguel Arcanjo. Em conformidade com as normas da Igreja Católica, que demandam a investigação de alegações de abuso por parte de seus líderes, a Cúria Metropolitana de São Paulo assumirá a responsabilidade pela análise dessa denúncia.
Segundo um documento obtido com exclusividade por Oeste, o padre Everton Fernandes Moraes, chanceler do Arcebispado de São Paulo, expressa o interesse em ouvir Cristiano e considera tomar as medidas apropriadas. O ex-coroinha deverá relatar sua história à Cúria Metropolitana nas próximas semanas. Em 23 de janeiro, a arquidiocese levou menos de 24 horas para arquivar uma denúncia anterior contra o padre.
O episódio relatado por Cristiano ocorreu em 1987, durante a missa de sétimo dia da avó, na Paróquia São Miguel Arcanjo. Após a celebração, o jovem procurou a sacristia em busca de consolo e foi inicialmente acolhido pelo pároco. No entanto, percebeu que a situação evoluiu para algo mais perturbador, com o religioso pressionando seu corpo, fazendo carícias e encostando a barba em seu rosto.
Apesar do medo de ameaçar sua segurança, Cristiano decidiu tornar pública a história quase 37 anos depois, motivado pelas recentes denúncias contra Júlio Lancellotti e expressando indignação com a rede de apoio ao padre, incluindo setores da imprensa e da esquerda. Cristiano enfatiza que não busca fama nem benefícios pessoais, e esclarece que sua motivação não está vinculada a posicionamentos políticos.
Cristiano argumenta que é o momento apropriado para compartilhar publicamente sua experiência, que havia mantido em segredo, especialmente diante das recentes denúncias envolvendo Júlio Lancellotti e sua percepção de apoio ao padre por parte de diversos setores, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT) que propõe premiar o pároco com o Nobel da Paz.
