O repórter e ativista português Sergio Tavares, que foi retido por quatro horas no Aeroporto Internacional de Guarulhos no último domingo (25) ao desembarcar em São Paulo para cobrir o evento pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, compartilhou com o programa Sem Rodeios, da Gazeta do Povo, que o delegado da Polícia Federal responsável por sua detenção, expressou arrependimento ao interrogá-lo, afirmando não estar certo sobre a razão do interrogatório. Tavares alega que o policial recebeu diretrizes “de Brasília” para abordá-lo sobre assuntos políticos, embora a versão inicial da PF indicasse que a parada ocorreu devido a questões relacionadas ao visto de entrada no país.
O jornalista utiliza suas redes sociais para criticar decisões judiciais no Brasil, a obrigatoriedade de vacinas e outras pautas associadas à direita. Ele se autodeclara defensor da liberdade na Europa e recentemente entrevistou o ex-presidente Bolsonaro, ganhando visibilidade no Brasil. Durante essa entrevista, Bolsonaro afirmou que o Brasil vive sob uma ditadura.
A Gazeta do Povo conduziu uma entrevista ao vivo com Tavares nesta quarta-feira (28), no programa Sem Rodeios, onde o jornalista relatou ter ouvido uma conversa do delegado ao telefone enquanto estava detido no aeroporto. Segundo Tavares, o policial mencionou termos como “8 de janeiro, Flávio Dino, Alexandre de Moraes, ditadura do judiciário, questão da vacina” durante a ligação, o que aumentou suas preocupações sobre as motivações políticas por trás do interrogatório.
Tavares afirmou que, entre os diversos passageiros que desembarcaram em São Paulo na manhã do domingo, foi o único retido pela imigração, sob a justificativa de prestar esclarecimentos sobre seu visto.
Embora tenha sido inicialmente alegado que a detenção ocorreu devido a uma verificação de rotina do visto, Tavares alega possuir evidências documentais que indicam que o motivo real foi seu posicionamento político. Ele destaca que a legislação brasileira autoriza a polícia a interrogar suspeitos por possíveis crimes, não por suas opiniões políticas.
De acordo com a PF, Tavares precisaria de um visto de trabalho para realizar a cobertura fotográfica do evento, mas conforme o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, cidadãos da União Europeia que exercem atividade jornalística no Brasil estão isentos de visto por até 90 dias, desde que não sejam remunerados por fontes brasileiras. Tavares alega ter vindo como turista, sem vínculo com a imprensa portuguesa, e destaca que seu visto estava em ordem, mas nenhum questionamento sobre o documento foi feito durante o interrogatório.
O jornalista afirmou ter recebido uma ligação reconfortante de Bolsonaro enquanto estava na imigração, o que o tranquilizou diante da situação. Após ser liberado pela PF, Tavares alega ter recebido um documento que comprova o suposto erro da polícia e planeja levar o caso adiante para esclarecer as circunstâncias de sua detenção. Ele também mencionou que a imprensa portuguesa minimizou tanto a magnitude da manifestação pró-Bolsonaro em São Paulo, quanto o incidente diplomático de sua prisão. Tavares pretende incluir todo o material coletado no Brasil em uma reportagem a ser produzida, com repercussões na Europa, e afirma que irá até as últimas consequências para responsabilizar os envolvidos.