Cerca de 500 ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), bloquearam diversos trechos da BR 101 no Sul da Bahia em um protesto que, de acordo com o movimento, expressa solidariedade ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe.
Os bloqueios afetam partes da rodovia entre cidades do extremo Sul, como Teixeira de Freitas, Itamaraju e Itabela, causando transtornos aos usuários da via. O motivo do protesto está relacionado ao conflito ocorrido no último domingo, 21, na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, onde uma integrante da comunidade Pataxó Hã Hã Hãe foi morta e outras ficaram feridas em decorrência de disparos de arma de fogo.
O conflito teve início na Fazenda Inhuma, em Potiraguá, com os indígenas ocupando a área contestada por fazendeiros. A vítima fatal foi Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, de 52 anos, e irmã do cacique Nailton Muniz, que também foi baleado e está hospitalizado. Outros três indígenas ficaram feridos, incluindo uma mulher com o braço quebrado. O grupo de fazendeiros, autodenominado Movimento Invasão Zero, teria se mobilizado após receber um chamado via WhatsApp para retomar a fazenda por meios próprios. Dois fazendeiros foram presos em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio, e quatro armas de fogo foram apreendidas. A comunidade Pataxó denunciou incêndios provocados pelos invasores em dois carros e expressou a determinação de não permitir mais derramamento de sangue em seu território. O governador convocou uma reunião extraordinária para coordenar as investigações do conflito.
Em janeiro de 2023, entrou em vigor a ADPF 519 do STF, que restringe manifestação e proíbe bloqueios das vias públicas, invasão de prédios públicos e além de outras determinações. Prisões em flagrante, multas de 20 mil reais a pessoas físicas e de 100 mil reais para pessoas jurídicas serão impostas à quem participar dessas manifestações.