Um presidente perder popularidade em períodos de crescimento econômico e queda de desemprego não costuma ser algo comum. Recentemente, a divulgação de três pesquisas indicando a queda na aprovação de Lula abriu espaço para intensos debates.
Entre as hipóteses intrigantes levantadas, está a questão da suposta falta de respeito aos valores representados pelos segmentos evangélicos pelo presidente, o crescimento econômico limitado ao primeiro semestre de 2023 e a concentração do desenvolvimento em um único setor, o agronegócio. Comparativamente, algumas análises buscam paralelos com a situação nos EUA, onde o presidente Biden enfrenta baixa popularidade mesmo com bons indicadores econômicos.
Outro ponto de discussão são os grupos de pesquisa qualitativa, onde os brasileiros compartilham suas experiências de vida. Esses grupos revelam uma parcela significativa da população que se sente desconectada do Estado e reluta em ceder qualquer coisa a ele.
Os dados mostram que, enquanto Lula obteve uma vitória incontestável nas classes D e E, a classe C, representando cerca de um terço da população, já apresenta sinais de insatisfação crescente. Os grupos qualitativos destacam a existência de uma camada da população com renda acima dos beneficiários de programas sociais, mas sem acesso aos privilégios dos mais abastados.
Essas famílias, sem apoio direto do governo, enfrentam desafios diários, desde a falta de segurança pública até a precariedade dos serviços de transporte e saúde. Além disso, o país enfrenta um paradoxo econômico, com taxas de crescimento modestas e uma renda per capita ainda abaixo dos níveis de 2011.
Os grupos de pesquisa também revelam um certo ressentimento com relação aos programas sociais, que não beneficiam diretamente essa camada da população. Esse fenômeno está alinhado a uma crescente tendência de individualismo, onde muitos questionam por que seu dinheiro pago em impostos não se converte em serviços de qualidade.
Essa mudança de mentalidade política e social tem implicações significativas, desde o fortalecimento de figuras políticas populistas até o desafio de comunicar eficazmente com diferentes estratos sociais. Além disso, o papel das redes sociais, especialmente o Instagram, tornou-se fundamental na disseminação de informações e na formação de opinião.
Em suma, o Brasil está passando por uma transformação social e política profunda, onde as demandas da classe C estão moldando o cenário político e econômico de maneiras inesperadas.