No contexto da epidemia de dengue, que resultou em aproximadamente 200 mortes apenas nos primeiros dois meses deste ano, críticas surgiram em relação a uma nota técnica pró-aborto, bem como ao represamento de emendas na área da saúde. A ministra Nísia Trindade tem enfrentado dias sob forte pressão, inclusive recebendo críticas de aliados, enquanto vê o Centrão mais uma vez cobiçando seu cargo.
A situação da ministra à frente da pasta se agravou devido à reação à nota técnica pró-aborto do Ministério da Saúde, mesmo após sua suspensão. O documento permitia a interrupção da gravidez em caso de estupro a qualquer momento. No entanto, menos de 24 horas após sua publicação, Nísia Trindade decidiu suspender a nota devido à pressão de diversos setores da sociedade e parlamentares da oposição.
Oficialmente, o Ministério da Saúde afirmou que a nota foi suspensa, porque não havia sido validada em todas as esferas necessárias e pela consultoria jurídica da pasta. Assim, o ministério manteve a orientação do limite temporal para a prática do aborto, fixado em até 21 semanas e 6 dias em três situações específicas.
A ministra será obrigada a prestar informações ao Parlamento sobre o assunto, com requerimentos já apresentados nesse sentido. Parlamentares como Zé Vitor e Maurício Marcon expressaram críticas à gestão de Trindade, especialmente em relação à nota pró-aborto.
Além disso, a explosão de casos de dengue no país e a ineficácia das ações governamentais contra a doença também pesam contra a ministra. A falta de vacinas adequadas agrava a situação, levando alguns parlamentares, como Messias Donato e José Nelto, a considerarem insustentável a permanência de Trindade no cargo.
A questão das emendas represadas na área da saúde também descontenta os parlamentares, enquanto o Centrão continua a cobiçar o cargo de ministra. Apesar de esforços para manter Trindade à frente do Ministério da Saúde, analistas políticos consideram sua situação delicada, destacando a pressão crescente sobre ela e a possibilidade de sua substituição.