A administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ser alvo de críticas intensas nas redes sociais, desta vez devido à discussão sobre a alteração do formato da validade de alimentos. Embora a ideia tenha partido da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e não tenha sido oficialmente adotada, a oposição aproveitou a ocasião para amplificar o tema, forçando um novo recuo do governo.
Crise e reação
O episódio sucede a polêmica sobre a fiscalização do Pix, que também gerou repercussão negativa nas redes e culminou no cancelamento de uma instrução normativa da Receita Federal. Ambas as crises demonstram a vulnerabilidade da comunicação governamental diante da rápida articulação da oposição nas plataformas digitais.
Desta vez, a oposição, liderada por nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira e o senador Flávio Bolsonaro, usou o tema para sugerir que o governo permitiria a comercialização de alimentos vencidos. A resposta do governo foi imediata: o ministro da Casa Civil, Rui Costa, negou qualquer intenção de adotar a medida e atribuiu a confusão a mal-entendidos.
O desafio da comunicação digital
Especialistas apontam que o governo Lula tem dificuldades em responder de maneira ágil e eficaz às críticas nas redes sociais. Enquanto a oposição utiliza mensagens curtas e diretas, que rapidamente conquistam audiência, a esquerda ainda tenta estruturar explicações mais complexas, o que prejudica o engajamento.
“A comunicação da direita é muito simples, direta e não precisa de explicações longas, o que facilita a conexão com o público”, afirma Daniel Dubosselard Zimmermann, professor da USP.
A descentralização da comunicação entre os ministérios também foi apontada como um problema pelo cientista político João Feres, da UERJ. Ele sugere que a falta de coordenação permite que narrativas negativas ganhem força antes que o governo consiga respondê-las.
Repercussão interna e estratégia
Após o episódio do Pix, o presidente Lula determinou que todas as portarias ministeriais passem pelo aval da Casa Civil, na tentativa de evitar crises semelhantes. Além disso, o Partido dos Trabalhadores (PT) realizou uma plenária virtual com Sidônio Palmeira, chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), para alinhar estratégias de resposta e reforçar a atuação digital da militância.
O PT reconhece a importância de reestruturar sua comunicação para não ser continuamente pautado pela oposição. Especialistas acreditam que a presença mais ativa do presidente Lula nas redes sociais pode ajudar a melhorar a percepção pública e a reconquistar o protagonismo no debate político.
Lições das crises
A recente sequência de crises evidencia que o governo precisa modernizar sua abordagem comunicacional para lidar com a velocidade e o impacto das redes sociais. Enquanto a oposição explora temas de maneira simplificada e eficaz, o governo ainda enfrenta dificuldades para se adaptar à dinâmica das plataformas digitais e combater narrativas negativas de forma eficiente.