O governo federal alterou recentemente a forma de relatar os óbitos na Terra Indígena Yanomami, eliminando a categoria de desnutrição e introduzindo um novo parâmetro chamado doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. Essa mudança ocorre em meio a críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva por não resolver a crise de desnutrição que afetou as aldeias Yanomami. O presidente Lula, há um ano, acusou Jair Bolsonaro de “genocídio” contra os indígenas, embora a crise exista desde os anos 2000.
A modificação na metodologia de divulgação de dados estatísticos dificulta a comparação entre os índices de morte dos Yanomami nas gestões Bolsonaro e Lula. A última divulgação pela metodologia antiga, em outubro, indicou 29 óbitos especificamente por desnutrição, enquanto o informe de dezembro, sob a nova metodologia, registrou 35 óbitos por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, tornando difícil a comparação direta.
O governo Lula declarou emergência em saúde pública na Terra Indígena Yanomami em janeiro de 2023, instituindo o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. A crise na região foi evidenciada com dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena, que apontaram 538 óbitos em menores de cinco anos entre 2019 e 2022. A desassistência sanitária e nutricional foi atribuída à crise.
A divulgação inconsistente e pouco transparente de informes sobre atendimentos e ações na Terra Indígena Yanomami tem gerado confusão. Mudanças na metodologia de contabilização de alimentos, como a transição de unidades de cestas básicas para quilos, e divergências na composição nutricional dessas cestas têm dificultado a avaliação das ações do governo. Indígenas relatam meses sem receber cestas básicas ou sementes para plantio, enquanto a falta de profissionais com conhecimento na população indígena é apontada como um dos principais problemas a serem resolvidos na crise Yanomami.
