A ativista e influenciadora feminista Isabella Cêpa recebeu status de refugiada em um país europeu após ser processada no Brasil sob a acusação de “transfobia”. O processo, que pode chegar a até 25 anos de prisão, foi motivado por publicações nas redes sociais em que Isabella afirmou que a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) “é um homem”.
O pedido de asilo foi feito em junho de 2025 e, segundo o portal feminista Reduxx, aceito com apoio da Agência da União Europeia para Asilo. O país que concedeu o refúgio não foi divulgado por razões de segurança.
Em publicação no Instagram, Isabella agradeceu a rede de apoio:
“Viver como apátrida, sendo perseguida por falar o que penso, significa ser forçada a abandonar tudo repetidas vezes. Mesmo sem poder trabalhar legalmente, vocês me deram algo que ninguém pode tirar: conforto e dignidade.”
Origem do caso
A polêmica teve início em 2020, quando Erika Hilton ainda era vereadora em São Paulo. Na ocasião, Isabella publicou que se sentia decepcionada pelo fato de a mulher mais votada para a Câmara Municipal ser, segundo suas palavras, “um homem”. A então vereadora registrou denúncia e, em 2022, o Ministério Público de São Paulo apresentou cinco acusações de racismo social, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal que equipara homofobia e transfobia ao crime de racismo. Cada acusação pode resultar em até cinco anos de prisão.
De apátrida a refugiada
Em julho de 2024, Isabella foi retida no Aeroporto de Salvador quando tentava viajar para a Espanha. As autoridades entenderam que se tratava de possível perseguição política e recomendaram que ela não retornasse ao Brasil. Desde então, viveu como apátrida até formalizar o pedido de refúgio em junho deste ano.
A ONG Matria Brasil, que apoiou o pedido, afirma ter buscado ajuda do governo federal sem sucesso. “A ministra Cida Gonçalves não demonstrou preocupação nem tomou medidas para proteger uma brasileira perseguida politicamente”, declarou a entidade.
Segundo a ONG, Isabella é a primeira mulher no mundo a conseguir refúgio por perseguição decorrente de críticas à ideologia de gênero. “Muitas mulheres estão sendo silenciadas por afirmar que sexo importa e que homens não se tornam mulheres por simples vontade própria”, diz a nota.
O caso pode abrir precedente internacional para outros processos semelhantes. No Brasil, investigações semelhantes atingem ativistas como Karen Mizuno e servidores da Universidade Federal da Paraíba, acusados de “misgendering” e declarações consideradas transfóbicas.