Os pedidos de recuperação judicial de micro e pequenas empresas no Brasil explodiram em 2024, com um aumento alarmante de 100,8% entre janeiro e agosto em comparação ao mesmo período de 2023, segundo a Serasa Experian. Foram 1.062 pedidos de recuperação judicial por pequenos negócios até agosto, contra 529 no ano anterior. Esse dado revela uma crise profunda enfrentada por esses empreendedores, que hoje representam 71,8% de todos os pedidos de recuperação no país. O número total de 1.480 solicitações, abrangendo empresas de todos os tamanhos, marca um aumento geral de 78,3% em relação ao mesmo período de 2023.
A situação das micro e pequenas empresas expõe de maneira clara o impacto devastador da atual política econômica sob o governo Lula. Embora o governo tenha anunciado medidas para incentivar o crescimento econômico, como o aumento dos programas de crédito para pequenas empresas, esses números sugerem que as iniciativas não estão chegando de forma eficaz aos empreendedores. Muitos estão sufocados por uma combinação de alta carga tributária, juros elevados e queda no consumo, além da ausência de reformas estruturais que possam aliviar a pressão sobre o setor produtivo.
O setor de serviços, que responde por 40,5% dos pedidos de recuperação judicial em 2024, é um dos mais atingidos, refletindo a retração na demanda e os desafios enfrentados pelas empresas que dependem diretamente do consumo interno. O comércio, com 26,6% dos pedidos, também sofre as consequências do aperto financeiro e da incerteza econômica, enquanto o setor primário (16,6%) e a indústria (16,3%) enfrentam problemas relacionados a insumos e exportações.
O crescimento de pedidos de recuperação entre empresas de médio (33,3%) e grande porte (52,9%) também aponta para uma crise sistêmica que não é restrita apenas às menores empresas, mas que permeia a economia como um todo. Um exemplo emblemático da situação é o recente pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy, uma das principais plataformas de varejo agrícola do país, mostrando que até setores tradicionalmente mais resilientes estão sendo afetados.
Além disso, a comparação histórica revela que 2024 já superou o total de pedidos de recuperação judicial feitos em todo o ano de 2023 (1.405 solicitações). Com isso, este ano se tornou o segundo pior da série histórica iniciada em 2005, atrás apenas do ano de 2016, marcado por uma forte recessão. O agravamento da crise no governo Lula levanta questionamentos sobre a capacidade do atual governo em gerir a economia de forma eficiente e evitar o aprofundamento da recessão.
Curiosamente, enquanto os pedidos de recuperação judicial disparam, o número de falências caiu 15,6%, com 644 solicitações em 2024 contra 763 em 2023. No entanto, essa queda não é necessariamente positiva, uma vez que muitas empresas estão recorrendo à recuperação judicial como último recurso antes da falência. Micro e pequenas empresas foram responsáveis por 60,7% desses pedidos de falência, um indicativo claro de que a política econômica do governo Lula está falhando em proteger os empreendedores mais vulneráveis.
A falta de uma estratégia clara para enfrentar esses desafios tem provocado críticas à condução da política econômica. O governo tem priorizado agendas voltadas ao fortalecimento de grandes empresas e ao aumento do gasto público, mas tem deixado de lado reformas cruciais, como a tributária, que poderia aliviar o fardo fiscal sobre os pequenos negócios. A alta taxa de juros mantida pelo Banco Central também desestimula o crédito e o investimento, dificultando ainda mais a recuperação das empresas em dificuldades.