A já tensa relação entre os governos de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva ganhou novos contornos nesta quinta-feira (24), após uma publicação oficial da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil nas redes sociais. Em tom direto e incomum para os padrões diplomáticos, a representação norte-americana em Brasília acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ser o “coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro”.
“O ministro Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, que, por sua vez, tem restringido a liberdade de expressão nos EUA”, afirma o comunicado da embaixada.
“Graças à liderança do presidente Trump e do secretário Rubio, estamos atentos e tomando as devidas providências.”
A referência é ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ambos críticos abertos das decisões do STF brasileiro e do que classificam como uma “escalada autoritária” contra opositores políticos no Brasil.
EUA veem perseguição e prometem reação
A declaração da embaixada confirma a mudança de postura do governo dos EUA em relação ao Judiciário brasileiro desde o retorno de Trump ao poder. As ações do ministro Moraes — sobretudo os inquéritos sobre o 8 de janeiro e os desdobramentos que envolvem Bolsonaro e seus aliados — passaram a ser interpretadas por Washington como ações de censura e perseguição política.
Na visão do governo republicano, as decisões do STF não apenas ferem garantias constitucionais no Brasil, como também impactam a liberdade de expressão e o ambiente político nos EUA, uma vez que envolvem cidadãos e empresas norte-americanas.
No último dia 9, Trump já havia dado sinais concretos de insatisfação. Em carta enviada ao governo Lula, o presidente norte-americano anunciou tarifas de 50% sobre todas as importações brasileiras, a partir de 1º de agosto. Segundo o documento, a medida é uma resposta direta à “censura sistemática” e à “perseguição contra líderes conservadores”.
“As tarifas são apenas o primeiro passo”, escreveu Trump. “Outras ações serão tomadas caso o governo brasileiro e o STF não revejam suas práticas que violam princípios fundamentais de liberdade.”
Além do viés político, Trump também cobra avanços comerciais do Brasil, critica barreiras protecionistas e promete buscar paridade nas relações bilaterais.
Crise diplomática se agrava
A nota oficial da embaixada é um marco no agravamento da crise diplomática entre os dois países. O tom adotado rompe com a tradição de neutralidade diplomática e expõe o nível de irritação da Casa Branca com as decisões recentes do Judiciário brasileiro.
Internamente, a manifestação repercutiu de forma intensa no meio político. Parlamentares da oposição ao governo Lula saíram em defesa da posição dos EUA, enquanto aliados do Planalto criticaram a ingerência estrangeira nos assuntos internos do Brasil.
O STF, até o momento, não comentou oficialmente as declarações da embaixada americana.