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domingo, 8 setembro, 2024
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Diálogo tenso marca demissão de Jean Paul Prates da Petrobras

Por Marina B.

A noite de terça-feira (14) testemunhou uma conversa intensa e difícil entre Lula e Jean Paul Prates, culminando na demissão do presidente da Petrobras. De acordo com informações da coluna de Guilherme Amado/Metrópoles, o encontro no gabinete de Lula no Planalto, estendeu-se por cerca de 20 minutos e contou com a presença dos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Um interlocutor de Lula descreveu esse episódio como um dos desafios mais complexos enfrentados pelo presidente neste governo. Para Prates, a sensação foi de ter sido “humilhado” por Lula.

Lula, constrangido, não explicou a Prates por que Rui Costa e Alexandre Silveira estavam presentes na reunião. O presidente havia convocado os ministros horas antes, cedendo à pressão pela demissão de Prates, sob a justificativa de que ele não estava entregando os resultados necessários para o país na Petrobras.

Outros ministros próximos a Lula, como Fernando Haddad e Alexandre Padilha, também não foram informados da demissão até poucas horas antes. Embora a decisão de demitir Prates já estivesse tomada há semanas, a forma como foi comunicada passou essencialmente pelo trio que, ao lado de Lula, surpreendeu o presidente da Petrobras.

A conversa começou com Lula destacando as visões diferentes sobre a importância da Petrobras para o Brasil. Prates argumentou que ele próprio havia redigido cada linha do programa de governo de Lula na eleição de 2022 nas áreas de energia, petróleo e indústria naval, baseado nos ensinamentos do próprio Lula ao longo do tempo.

“Presidente, desta vez eu vou me permitir discordar do senhor. Das outras vezes em que eu vim aqui e o senhor me apresentou argumentos que chegavam ao senhor contra mim, eu discordava daqueles argumentos. Mas, agora que o senhor disse isso, a discordância é diretamente do senhor”, iniciou Prates.

A crise na distribuição dos dividendos da Petrobras em março também foi mencionada por Lula, como um ponto relevante para a demissão. Prates explicou que sua abstenção na votação seguiu uma recomendação técnica para não prejudicar a proposta da diretoria executiva. No entanto, a conversa foi tensa e marcada por discordâncias, mas Lula manteve sua decisão de demitir Prates.

Lula explicou por que decidiu não antecipar nada sobre a demissão. Segundo interlocutores de Prates, ele foi pego de surpresa. Embora soubesse que estava há semanas por um fio, comentou com algumas pessoas que não esperava que a conversa fosse para demiti-lo. Lula foi claro sobre o porquê do sigilo: “Da outra vez, com o Mercadante, vazou tudo”.

“Agradeço, mas preciso cuidar da minha vida”

O clima era tenso quando Prates decidiu encerrar a conversa. “Presidente, o meu chefe de gabinete que está comigo aqui fora vai tratar com o Rui [Costa] sobre a minha saída. Quero lhe agradecer, mas preciso sair para cuidar da minha vida. Tenho que desmontar minha casa no Rio e tomar diversas providências. Obrigado”. Os quatro se levantaram quase simultaneamente, Prates cumprimentou Lula, virou as costas e deixou a sala de cabeça baixa.

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