Nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo menos dez autoridades do Judiciário brasileiro, incluindo três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros do governo Lula (PT), o chefe da Polícia Federal, integrantes do Legislativo e o ex-presidente Michel Temer (MDB), se reuniram em Londres para o 1º Fórum Jurídico – Brasil de Ideias. Segundo informações da Folha de S.Paulo, os jornalistas foram proibidos de acompanhar o evento.
O encontro foi organizado na capital inglesa pelo Grupo Voto, presidido pela cientista política Karim Miskulin. Em 2022, às vésperas da campanha eleitoral, Miskulin organizou um almoço com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com 135 empresárias e executivas no Palácio Tangará, em São Paulo.
Karim Miskulin, em declarações anteriores sobre um ato de Bolsonaro em São Paulo, afirmou que o ex-presidente, mesmo inelegível, “é o principal líder da direita brasileira”.
Na entrada do evento, o ministro do STF Gilmar Mendes afirmou à Folha que não estava ciente da proibição à imprensa. “Isso não nos foi informado”, disse o magistrado. “Eu não sabia, vou me informar.”
Já o ministro Alexandre de Moraes, de forma irônica, afirmou que não falaria com os jornalistas depois do encontro: “Nem a pau”, brincou. O ministro Dias Toffoli também esteve presente.
Os jornalistas das TVs Globo e Record, além dos da Folha, foram barrados. De acordo com o jornal, a imprensa sequer pôde permanecer no mesmo andar em que o evento ocorreu, no luxuoso Hotel Peninsula, localizado ao lado do Hyde Park, com diárias acima de 900 libras (cerca de R$ 5.800).
O Grupo Voto argumentou que “o fórum é um evento privado”. No material de divulgação, é destacado que se trata de uma “missão internacional, perpetuando o espaço democrático e promovendo um diálogo construtivo em prol do avanço do Brasil”.
O evento teve início na quarta-feira, 24, com uma noite de homenagens e se encerrará na sexta-feira, 26. Dos 24 palestrantes, 21 exercem cargos públicos.
Além dos mencionados, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski; o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; o advogado-geral da União, Jorge Messias; o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues; o procurador-geral da República, Paulo Gonet; e integrantes do Superior Tribunal da Justiça (STJ) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também fazem parte da lista de autoridades anunciadas para os debates em Londres.
O STF afirmou que o órgão não pagou passagens nem diárias dos integrantes. A Corte destacou que só emite passagem internacional para ministros se eles forem da delegação do presidente.
O presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, anunciou que Dias Toffoli e Moraes participariam de forma remota na quarta-feira, mas eles não foram convocados para votar. Nesta quinta-feira, está programada uma nova reunião do plenário da Corte.
