A deputada federal Rosana Valle (PL-SP) protocolou, na sexta-feira (24), um ofício direcionado à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e ao Ministério da Saúde, pedindo esclarecimentos sobre a Consulta Pública 144, que propõe mudanças nas recomendações para exames de mamografia na rede privada.
A proposta, que estabelece a realização de mamografias apenas para mulheres acima de 50 anos e com periodicidade bienal, causou preocupação entre especialistas e políticos. Atualmente, entidades médicas recomendam o exame anualmente a partir dos 40 anos.
Preocupação com o impacto da medida
Rosana Valle apontou que a medida pode dificultar o acesso de mulheres entre 40 e 50 anos ao exame, potencialmente atrasando diagnósticos precoces de câncer de mama. Ela destacou que cerca de 40% dos casos da doença são diagnosticados em mulheres abaixo dos 50 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
“Isso é lamentável. Parece até mentira. Trata-se de um retrocesso que pode custar vidas, já que o câncer de mama em mulheres jovens tende a ser mais agressivo e demanda diagnóstico precoce.” – Rosana Valle.
Críticas ao impacto financeiro e falta de clareza
A deputada também criticou a falta de transparência na comunicação da ANS sobre o tema, levantando preocupações de que a norma possa beneficiar planos de saúde ao reduzir custos:
“Isto está me parecendo um plano para que os convênios tenham mais lucro e menos gastos. Na prática, médicos da rede privada poderão ser pressionados a seguir esse padrão, com impactos graves no diagnóstico precoce.”
Rosana ainda questionou o objetivo da consulta pública, sugerindo que ela pode estar sendo usada para criar insegurança e desconfiança entre a população.
Dados reforçam a importância da mamografia precoce
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o percentual de mulheres diagnosticadas com câncer de mama antes dos 40 anos aumentou de 7,9% em 2009 para 21,8% em 2020. Esse cenário evidencia a importância da detecção precoce para aumentar as chances de tratamento bem-sucedido.
Próximos passos
Rosana Valle pediu urgência na resposta da ANS e do Ministério da Saúde, além de reforçar a necessidade de manter as diretrizes atuais de mamografia a partir dos 40 anos. A parlamentar afirmou que continuará acompanhando a questão e defendendo o direito das mulheres a exames preventivos essenciais para a saúde.