Gafe diplomática gera constrangimento durante fala de líder canadense; petista também critica existência do G7 e defende volta da Rússia ao grupo
A abertura da Cúpula do G7, realizada nesta terça-feira (17), no Canadá, foi marcada por um constrangimento diplomático protagonizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma falha no equipamento de tradução simultânea interrompeu o discurso do anfitrião da reunião, o primeiro-ministro canadense Mark Carney, e expôs o despreparo da comitiva brasileira diante de um dos encontros mais relevantes da diplomacia global.
Lula começou a manusear o dispositivo de tradução e reclamou da ausência de áudio enquanto Carney discursava:
“Tem que falar aí, a intérprete, não tá saindo”, disse o petista em voz audível na sala.
O premiê canadense reagiu com bom humor, embora em tom irônico:
“Vamos esperar um minuto pela tradução, porque todas as palavras que eu vou falar valem ouro.”
Mesmo com a tentativa de retomar o discurso, Lula insistiu na interrupção, pedindo um teste de áudio:
“Manda falar qualquer coisa para ver se o som sai aqui.”
O clima ficou desconfortável. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, chegou a sugerir que António Costa, presidente do Conselho Europeu, traduzisse diretamente para Lula. A proposta gerou risos entre os líderes presentes, enquanto o presidente brasileiro permaneceu focado no equipamento.
Após cerca de dois minutos de impasse e com troca dos aparelhos feita por assessores, Carney pôde enfim prosseguir, pedindo desculpas a Lula pela falha técnica. O presidente brasileiro estava posicionado à mesa principal, ao lado do francês Emmanuel Macron.
Lula volta a atacar o G7: “Não deveria nem existir”
O episódio da tradução ocorreu um dia após Lula provocar nova polêmica internacional. Em entrevista durante sua passagem pelo Canadá, o petista declarou que o G7 “não deveria nem existir” e que o G20 é mais representativo nas discussões globais.
“Acho que, no fundo, no fundo, não há nem necessidade de existir o G7. O G20 tem mais importância, mais densidade humana e econômica”, afirmou.
O Brasil foi convidado como país observador. Desde 2003, Lula participa de edições da cúpula, mas, segundo ele mesmo, apenas para não parecer desinteressado:
“Eles não querem parar de se reunir, mas estão todos no G20.”
O presidente ainda defendeu o retorno da Rússia ao G7, de onde foi excluída em 2014 após a anexação da Crimeia — posição que contraria a maioria das democracias ocidentais reunidas no encontro.
Fala evasiva sobre economia e foco na COP30
Questionado por jornalistas sobre o aumento das tensões entre Irã e Israel, Lula se limitou a dizer que é “um homem que nasceu para a paz”. Já ao ser confrontado sobre temas econômicos, como o Projeto de Decreto Legislativo 314/2025, que trata da revogação do decreto que elevou o IOF, preferiu não comentar.
Nos bastidores, a participação brasileira no G7 também foi usada para reforçar o convite à COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA). Lula aproveitou o espaço internacional para tratar de articulações sobre a conferência climática, tentando reposicionar sua imagem no cenário ambiental.
Mais uma sequência de gafes internacionais
O episódio da tradução se soma a outros constrangimentos acumulados por Lula em eventos internacionais. Além do problema técnico e das declarações controversas, a passagem pelo G7 também foi marcada por altos custos com deslocamento e hospedagem, gerando críticas no Brasil.
O incidente técnico e a retórica provocadora do presidente brasileiro deixam claro o desconforto diplomático causado por sua participação — e levantam dúvidas sobre o preparo da atual gestão para representar o Brasil nos fóruns internacionais mais relevantes.