O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, alertará na terça-feira que está pronto para tomar decisões impopulares sobre os gastos do governo antes da votação sobre os planos controversos para reduzir os pagamentos destinados a ajudar milhões de idosos a arcar com suas contas de aquecimento.
Starmer enfrenta pressão de sindicatos, partidos políticos rivais e até mesmo alguns de seus próprios parlamentares trabalhistas para reverter a decisão de cortar os pagamentos para idosos. A votação no parlamento na terça-feira, que pode resultar na maior rebelião desde que ele assumiu o cargo, poderá ver alguns legisladores trabalhistas se abstendo ou votando contra o governo.
Em um discurso preparado para o Trades Union Congress (TUC), Starmer dirá aos sindicatos, que também estão pedindo acordos salariais acima da inflação para compensar uma década de cortes salariais reais no setor público, que sua principal prioridade será garantir a estabilidade econômica.
Starmer afirmará que está disposto a aprovar reformas, como a revogação das leis antigreve implementadas pelo governo anterior, mas advertirá que os sindicatos terão que aceitar restrições nos salários do setor público e nos gastos do governo.
“Eu tenho que deixar claro, com respeito, que este governo não arriscará seu mandato em troca de estabilidade econômica, sob nenhuma circunstância”, dirá Starmer aos líderes sindicais. “E com decisões difíceis à vista, o pagamento será inevitavelmente moldado por isso.”
Eleito com uma vitória expressiva em julho, com a promessa de reconstruir a Grã-Bretanha, Starmer recentemente levantou a possibilidade de aumentos de impostos e cortes de gastos para abordar uma série de problemas que ele atribui aos 14 anos de governo conservador.
Embora o Partido Trabalhista tenha laços históricos com os sindicatos, que fundaram o partido há mais de um século para representar os trabalhadores, as demandas por salários mais altos e pela manutenção ou expansão de certos benefícios entram em conflito com as tentativas do governo de manter o controle sobre as finanças públicas da Grã-Bretanha.
O governo estima que a redução nos pagamentos de combustível no inverno economizará ao Tesouro britânico 1,5 bilhão de libras (US$ 1,96 bilhão) por ano.
No discurso, Starmer pedirá que sindicatos e empresas colaborem e aceitem concessões para ajudar a economia a se recuperar.
“Não pedirei desculpas àqueles que, ainda presos à mentalidade da década de 1980, acreditam que sindicatos e empresas só podem se opor, deixando os trabalhadores em uma posição desfavorável”, dirá ele.
