Um tribunal do Paquistão condenou Imran Khan a 10 anos de prisão nesta terça-feira por divulgar segredos de Estado, revelou seu partido, marcando a sentença mais severa contra o ex-primeiro-ministro e ícone do críquete em diversos casos. Esta decisão ocorreu poucos dias antes das eleições nacionais, e o veredicto impedirá que o carismático político permaneça nos holofotes públicos antes da votação parlamentar da próxima semana, que também determinará o novo primeiro-ministro.
O tribunal especial considerou Khan culpado por tornar público o conteúdo de um telegrama secreto, enviado pelo embaixador do Paquistão em Washington ao governo em Islamabad, segundo o partido Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI). O ex-ministro das Relações Exteriores Shah Mehmood Qureshi também foi condenado a 10 anos no mesmo caso.
Essa condenação marca a segunda nos últimos meses para Khan, que já havia sido sentenciado a três anos em um caso de corrupção, excluindo-o das eleições. O PTI planeja contestar a decisão, alegando ilegalidade. O assessor de Khan, Zulfikar Bukhari, destacou que a equipe jurídica não teve oportunidade de representá-lo ou interrogar testemunhas, criticando o processo realizado na prisão.
A recuperação do Paquistão da crise econômica é crucial para a estabilidade política, principalmente diante de um resgate de 3 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional. Analistas expressam preocupação sobre a credibilidade das eleições após esta sentença pouco antes do pleito, e Khan alega que a condenação faz parte de uma tentativa de enfraquecer seu apoio.
Khan, que acusa os militares paquistaneses e o governo dos EUA de conspirar para derrubar seu governo em 2022, diz que o telegrama mencionado no caso prova essa conspiração. Washington e os militares negam as acusações, e Khan afirma que o conteúdo do telegrama já estava na mídia por outras fontes.
Além disso, o PTI enfrenta desafios eleitorais após um tribunal manter a decisão de retirar o símbolo eleitoral tradicional do partido. Seus candidatos agora concorrem como independentes, muitos em fuga, enquanto o partido alega repressão apoiada pelos militares. A mensagem de Khan nas redes sociais alertou seus apoiadores para votarem em candidatos apoiados por ele nas eleições de 8 de fevereiro.