Os agricultores franceses começaram a semana promovendo bloqueios em estradas de acesso a Paris, Lyon e Bordeaux em protesto contra a concorrência de produtos importados e as rígidas normas ambientais europeias, que alegam encarecer a produção. Enquanto enfrentam a pressão de industriais e varejistas para vender a preços mais baixos, os trabalhadores do setor agrícola expressam sua frustração por meio de bloqueios e protestos.
O governo francês respondeu mobilizando 15 mil policiais para evitar o cerco de tratores à capital e possíveis caos no trânsito. O primeiro-ministro Gabriel Attal anunciou medidas na sexta-feira, incluindo a manutenção de vantagens fiscais para o óleo combustível de tratores, mas essas foram consideradas insuficientes pelos agricultores. Em uma reunião agendada para hoje com líderes sindicais do setor, novas medidas serão discutidas, enquanto os agricultores mantêm a pressão, planejando bloqueios em oito estradas e rodovias de acesso a Paris, que atualmente possui apenas três dias de estoque de alimentos.
A revolta, denominada “cerco a Paris” pela Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA) e pelo sindicato Jovens Agricultores, domina as manchetes da imprensa. Os agricultores destacam a necessidade de medidas concretas para melhorar suas condições de trabalho e vida, protestando contra as dificuldades financeiras, como evidenciado pelo título do jornal L’Humanité: “500 euros por mês, não podemos conviver com isso”.
Além das preocupações internas, a importação de frango do Brasil também é destacada, simbolizando a atual revolta agrícola. Com mais de 50% do frango consumido na França sendo importado devido à falta de competitividade do produto nacional, os agricultores consideram paradoxal enfrentar a concorrência de países como o Brasil, que autoriza práticas proibidas pelas normas europeias, como o uso de antibióticos para acelerar o crescimento das aves.
