Desde 22 de janeiro, enormes bloqueios têm paralisado as autoestradas na França, revelando a crescente indignação dos agricultores franceses. Marc Dupouys, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas dos Pireneus Atlânticos, destaca a intensidade da raiva entre os agricultores, observando que liderar um sindicato agrícola tornou-se desafiador dada a atmosfera carregada. Centenas de agricultores, representando diversas faixas etárias, se reuniram para bloquear estradas estratégicas com tratores, exibindo cartazes que proclamavam: “Quem semeia miséria, colhe raiva”. O protesto reflete preocupações sobre a sustentabilidade da categoria diante das novas regras ecológicas europeias e a sensação de negligência em relação aos produtos estrangeiros.
O que inicialmente era uma ação local ganhou proporções nacionais, evoluindo para o que os agricultores chamam de “movimento de resistência agrícola”. O governo expressou preocupação após o bloqueio da autoestrada A64 entre Toulouse e Baiona em 19 de janeiro, o que levou os agricultores a intensificarem os bloqueios de estradas. Os sindicatos rapidamente se envolveram na revolta, levando o novo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, a se reunir com representantes sindicais. Após o encontro, líderes sindicais expressaram preocupações com a “dignidade” da profissão e destacaram a crise moral e a incompreensão do mundo agrícola sobre a realidade de suas ações.
Nesta quarta-feira, 24 de janeiro, serão divulgadas quarenta exigências claras que detalharão as principais razões da indignação do setor, abordando questões salariais, regulamentações e impostos sobre combustíveis. Enquanto as ações dos agricultores se intensificam, as demandas se multiplicam. A disputa também está relacionada às políticas agrícolas da União Europeia, incluindo acordos de livre comércio não ratificados, como o com o Mercosul, e o questionamento do Acordo Verde Europeu, um conjunto de medidas para a transição ecológica, incluindo a redução de pesticidas e o impulso à agricultura biológica. Este movimento não é exclusivo da França, com mobilizações de agricultores aumentando também na Alemanha, Romênia e Espanha, todos se opondo ao impacto regulatório do “pacto verde” na agricultura europeia.