Especialistas citam pouca experiência do atual presidente do fundo de previdência sobre mercado de capitais e gestão financeira
A formação e experiência em gestão e contabilidade do atual presidente da Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), João Fukunaga, destoam em relação aos currículos dos outros executivos que estiveram à frente do fundo de pensão nos últimos anos. Essa é a avaliação de especialistas consultados pela CNN.
Para Luigi Micales, gestor da Black Swan, enquanto os presidentes anteriores apresentavam sólida experiência em finanças, administração e gestão de investimentos, o historiador Fukunaga tem currículo voltado para a atuação sindical, com pouca experiência em mercado de capitais ou gestão financeira — e comanda o fundo que registrou um rombo de R$ 14 bilhões, o que motivou uma auditoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
“Desde 2010, todos os presidentes possuíam formação em economia, contabilidade, administração ou direito, acompanhadas de MBAs e especializações voltadas para gestão financeira”, disse.
De 2003 a 2010, durante os dois primeiros governos do presidente Lula, esteve à frente do fundo Sérgio Rosa — que também tinha histórico voltado à atuação sindical. Mas, destaca o especialista, a trajetória dele incluía cargos estratégicos na Previ e em grandes empresas, como a Vale.
“Ele ocupou a Diretoria de Participações da Previ antes de se tornar presidente, além de ter sido membro do Conselho de Administração da Vale, o que demonstra um histórico técnico mais sólido em relação a Fukunaga”, completou.
A percepção do advogado Emanuel Pessoa é semelhante. O jurista indica que Fukunaga “não possuiria, do ponto de vista da experiência e da formação, a mesma ‘cancha’ de outros gestores da Previ”.
“O problema é que, diante do histórico da instituição, há receio de que a nomeação tenha sido meramente política e que, não sendo técnica, seria a responsável pelo rombo. Contudo, apurações mais profundas são necessárias”, indica.
Para Micales, embora um perfil técnico não seja garantia de resultado, isso assegura “entendimento dos riscos necessários para alcançar o equilíbrio financeiro do fundo”.
“A administração de mais de R$ 200 bilhões exige conhecimento e experiência sobre alocação de ativos, controle de passivos e previsibilidade de fluxo de caixa”, completa.
Fukunaga se manifestou na última sexta-feira (7), afirmando que foi surpreendido pela decisão do TCU e classificou a auditoria como um movimento político que “só gera barulho e prejudica os beneficiários”.