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quarta-feira, 27 novembro, 2024
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Reviravolta no mercado financeiro: Presidente do Banco Central sinaliza freio nos cortes de juros

Por Marina B.

Na quarta-feira (17 );, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fez declarações que levaram o mercado a reconsiderar uma possível desaceleração no ritmo de cortes de juros já no próximo mês, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá entre os dias 7 e 8.

Durante um evento da XP Investimentos em Washington, Campos Neto mencionou que o comitê poderia moderar os cortes se as incertezas persistissem em níveis elevados. Juntamente com o compromisso do BC de fazer o necessário para que a inflação retorne à meta central de 3%, essa declaração foi interpretada pelo mercado como um alerta para a reunião do Copom em maio.

Até então, o BC vinha destacando em seus documentos e declarações de diretores que, apesar das incertezas tanto internas quanto externas, o cenário-base permanecia inalterado, levando ao consenso de que a redução no ritmo de cortes da Selic seria uma possibilidade apenas para junho. Para maio, a expectativa era unânime de um corte de 0,5 ponto percentual, conforme indicado nos documentos da última reunião.

No entanto, essa percepção começou a mudar ao longo da semana devido à escalada das tensões no Oriente Médio, com o ataque de drones iranianos a Israel no sábado, juntamente com mudanças nas metas fiscais no Brasil. Paralelamente, crescem as expectativas de que o Federal Reserve dos EUA adie o início da redução dos juros. Isso se refletiu no câmbio, que atingiu R$ 5,28 durante o pregão de terça-feira, a maior cotação em mais de um ano.

Com as declarações de Campos Neto, entende-se que o BC abandonou a orientação anterior de manter o ritmo de cortes das últimas reuniões do Copom em maio. Isso abre a possibilidade de o colegiado reduzir o ritmo pela metade, de 0,5 para 0,25 ponto percentual daqui a três semanas.

Os economistas começaram a incorporar essa tendência em suas análises, entendendo que o BC agora tem menos margem para cortes de juros. Entre as revisões anunciadas na quarta-feira, a equipe da ASA Investments passou a prever uma flexibilização mais lenta a partir de maio, com uma Selic de 9,75%, em vez dos 8,5% previstos anteriormente, ao final do ciclo de cortes.

A possibilidade de o BC adotar uma postura mais conservadora aumentou, conforme refletido na curva de juros futuros, onde uma redução de 0,25 ponto já está integralmente precificada.

Segundo Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, é razoável discutir a possibilidade de reduzir o ritmo já em maio, com um corte de 0,25 ponto percentual sendo o mais provável.

As declarações de Campos Neto, a oito meses do fim de seu mandato, também podem ter implicações políticas, alimentando tensões dentro e ao redor do governo.

O ex-diretor do BC, Luís Eduardo Assis, acredita que as palavras de Campos Neto serão utilizadas para aumentar a tensão entre governo e BC, especialmente quando o ciclo de cortes de juros perder ritmo, o que, em sua opinião, só deve ocorrer em junho.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, prevê divergências entre os diretores do BC na próxima reunião do Copom, cujas decisões têm sido tomadas por unanimidade. Ele projeta que, com as mudanças fiscais, o BC pode ajustar sua política monetária, resultando em possíveis divergências já na reunião de maio.

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