O Ibovespa encerrou a quarta-feira (31) com um aumento de 0,28%, alcançando 127.752 pontos, mas os ganhos do dia não foram suficientes para reverter a queda de 4,79% ao longo de janeiro. Após o rali no final de 2023, que resultou em um ganho superior a 20% ao longo de 12 meses, o primeiro mês de 2024 registrou uma reversão no otimismo, marcando o pior início de ano desde 2016.
O desempenho do índice brasileiro divergiu das tendências observadas no exterior, onde o Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq registraram ganhos de aproximadamente 1,6%, 1,2% e 1% em janeiro, respectivamente. Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destaca que a correção após o recente aumento e a influência da Vale (VALE3), foram fatores-chave que explicam o Ibovespa seguindo uma trajetória oposta à de Nova York. A queda nos preços do minério de ferro em janeiro, juntamente com as preocupações sobre a compra de aço na China, maior consumidor global dessas commodities, contribuíram para o desempenho negativo das ações da Vale, que perderam mais de 12% ao longo do mês.
Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, também aponta fatores domésticos como detratores do desempenho do Ibovespa em janeiro. Questões como a reoneração da folha de pagamento, a alegação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as receitas superestimadas no Orçamento 2024, e o anúncio de um déficit de R$ 230,5 bilhões nas contas públicas de 2023 contribuíram para a incerteza no mercado. O cenário externo também impactou, com o otimismo nos EUA levando investidores a reduzirem o fluxo para mercados emergentes. A quarta-feira foi marcada por quedas nos índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, expressando ceticismo em relação a um corte de juros em março.