Um dos mais emblemáticos símbolos do Brasil enfrenta uma crise sem precedentes, conforme revelado em um documento associado ao relatório executivo do Grupo de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (GEAAP), obtido pelo IM Business.
A Embrapa, estatal que desempenhou papel fundamental no posicionamento do Brasil como líder na produção agropecuária tropical global, está agora diante de obstáculos significativos para realizar suas atividades. O GEAAP, criado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em março de 2023, identificou um cenário de “insatisfação, frustração e até mesmo de desânimo reinante”, entre funcionários e lideranças de diferentes setores ligados à estatal.
Apesar de seus 50 anos de história marcados por resultados positivos, a Embrapa enfrenta distorções e perda de capacidade de adaptação a um novo contexto na agricultura brasileira e mundial, de acordo com o diagnóstico apresentado no relatório.
Uma das distorções destacadas é o excessivo número de 43 centros de pesquisa, operando de forma não integrada, com sobreposições, infraestrutura ociosa e custos elevados de manutenção. O GEAAP sugere que alguns desses centros, muitos criados por pressão política, não são mais justificáveis.
Para superar essa crise, o grupo liderado por Silvio Crestana, ex-presidente da estatal, propõe a elaboração de um projeto de lei para instituir o Programa Nacional de Incentivo à Pesquisa Agropecuária, bem como a criação de um fundo cooperativista para apoiar o desenvolvimento tecnológico.
Resumidamente, o GEAAP recomenda descentralização na estrutura de governança, desburocratização nos processos decisórios e atenção especial aos recursos humanos da Embrapa. O Ministério da Agricultura, ao qual a estatal é vinculada, optou por não fazer comentários quando contatado pelo IM Business.