Na controvérsia em torno da Petrobras, o debate vai além da simples distribuição de dividendos extraordinários. O que está em jogo é a crescente percepção de intervenção, ressurgindo ideias intervencionistas do governo.
Como uma empresa de capital aberto, a Petrobras possui acionistas privados e regras de governança que a protegem de interferências do acionista controlador, neste caso, o governo. A divisão no conselho reflete essa tensão: enquanto os conselheiros do setor privado apoiam a distribuição de dividendos, os ligados ao governo votam contra.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, favorável à distribuição, encontra-se com o presidente Lula, evidenciando as disputas internas. Além disso, há uma tentativa de intervenção mesmo em empresas já privatizadas, como a tentativa de retomar refinarias e distribuidoras.
A retomada de investimentos em empreendimentos anteriormente deficitários, como a refinaria Abreu e Lima, também causa preocupação. No final do período do PT no governo, a Petrobras enfrentava prejuízos e uma alta dívida, sendo recuperada na gestão de Pedro Parente.
Esses sinais de instabilidade e discordância interna, alimentam preocupações entre os investidores. A divergência entre o presidente da Petrobras e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é evidente, assim como a insatisfação do mercado e do Ministério da Fazenda com a decisão de não distribuir dividendos, que afetaria a composição das contas públicas.