O lobby dos exportadores de grãos brasileiros, conhecido como Anec, expressou preocupação nesta quinta-feira, com o crescente número de pedidos de falência entre os agricultores do país, alertando que isso pode comprometer a execução de contratos de grãos.
De acordo com a Anec, o aumento nos casos de falência dos agricultores representa um risco para a entrega dos grãos comprometidos ao longo da temporada, o que pode afetar a capacidade dos comerciantes de cumprir seus programas de exportação.
Embora grupos de agricultores, como Aprosoja-Mato Grosso e Aprosoja Brasil, ainda não tenham se pronunciado sobre o assunto, a Anec destacou a preocupação com a maneira indiscriminada e, por vezes, maliciosa com que o processo de recuperação judicial tem sido oferecido aos agricultores para renegociar dívidas e contratos, incluindo empréstimos e acordos relacionados à soja e ao milho.
A Anec representa os interesses de comerciantes globais de grãos, como ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus Commodities e Cofco da China, entre outros. O Brasil, como maior produtor e exportador mundial de soja e um importante fornecedor de milho, enfrenta desafios nesta temporada devido aos efeitos adversos do padrão climático El Niño nas lavouras.
A seca severa causada pelo El Niño no centro-oeste do Brasil, reduziu a produtividade e o potencial de produção da soja, principalmente em Mato Grosso, o maior estado agrícola do país. Além disso, as chuvas excessivas no Sul prejudicaram as perspectivas do milho de verão, especialmente no Rio Grande do Sul.
Como resultado, a produção total de grãos do Brasil deve cair para cerca de 299,7 milhões de toneladas nesta temporada, em comparação com 319,8 milhões de toneladas na temporada anterior, de acordo com a agência agrícola Conab. A produção de soja, inicialmente prevista em 162 milhões de toneladas em 2023/24, será de 149,4 milhões de toneladas, conforme indicado pela Conab. Similarmente, a produção de milho do Brasil também será afetada, com uma queda prevista de quase 14% para aproximadamente 113,7 milhões de toneladas no ciclo atual, conforme relatado pela Conab em seu mais recente comunicado.