Investigação do TCU aponta, ainda, flexibilização de critérios para nomeações em conselhos de empresas; nova regra favoreceria pessoas antes barradas por falta de formação e experiência
O relatório preliminar de auditoria na Previ, em reta final de elaboração pela área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), aponta que a compra de participação acionária na Vibra (antiga BR Distribuidora) pode ter contrariado a política do fundo de reduzir sua exposição em renda variável.
A auditoria também identificou mudanças nos critérios de seleção para conselheiros das empresas nas quais a Previ possui participação, o que levantou questionamentos sobre a governança do fundo de pensão.
Os primeiros achados da auditoria devem ser apresentados nesta sexta-feira (14) ao ministro Walton Alencar, relator do processo no TCU, que citou “gravíssimas preocupações” com o resultado negativa de R$ 14 bilhões no Plano 1 — o maior da fundação de previdência complementar dos funcionários do Banco Brasil — entre janeiro e novembro do ano passado.
A investigação está sendo conduzida em fases, e a primeira etapa analisou a origem desse déficit.
Segundo o relatório, a justificativa dada aos auditores foi a queda das ações da mineradora Vale, na qual o fundo tem grande exposição.
Porém, embora a Previ já estivesse seguindo uma política de redução de investimentos em renda variável, os auditores identificaram que, na contramão dessa estratégia, houve uma compra expressiva de ações da Vibra.
Informações divulgadas pela própria Vibra indicam que a Previ tem hoje 5,24% de participação acionária na companhia. No primeiro trimestre de 2024, essa fatia era de 3,3%.
Outro ponto abordado no relatório é a forma como são escolhidos os representantes da Previ nos conselhos de empresas em que o fundo tem participação.
Os auditores identificaram que houve uma mudança nos critérios de seleção, que tradicionalmente avaliavam a formação acadêmica e a experiência profissional dos candidatos.
Com essa alteração, pessoas que antes não atenderiam aos requisitos passaram a ocupar assentos estratégicos.
Esse seria o caso do sindicalista João Fukunaga, presidente da Previ, que é graduado em História e, segundo a avaliação dos auditores, não teria pontuação suficiente nos critérios anteriores para ocupar assentos nos conselhos sem uma flexibilização das regras.
A auditoria segue em andamento, e o relatório preliminar servirá de base para futuras análises sobre a governança e os investimentos da Previ.
A Previ é o maior fundo de pensão do país e gere um total de R$ 270 bilhões em investimentos, segundo dados de agosto da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
No total, são 84 mil funcionários do Banco do Brasil participantes e 109 mil pessoas beneficiárias.
A Previ encerrou os 12 meses de 2024 com déficit de R$ 17,6 bilhões no Plano 1