Uma análise de atas eleitorais conduzida pelo jornal americano The New York Times e publicada nesta quarta-feira (31) indica que a oposição venceu as eleições presidenciais do último domingo (28) na Venezuela, ao contrário do que foi anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país.
O jornal americano utilizou os resultados de um levantamento liderado por pesquisadores brasileiros, cujo resultado foi publicado pela Folha no dia seguinte ao pleito. Segundo a projeção, o ex-diplomata Edmundo González teria obtido 66% dos votos, superando o ditador Nicolás Maduro, que teria registrado 30%.
O levantamento foi realizado durante o processo de apuração na Venezuela, mas divulgado apenas após o anúncio oficial dos números pelo órgão eleitoral, que declarou a vitória de Maduro com 51,2% dos votos contra 44,2% para González, resultando em acusações de fraude.
A metodologia do levantamento e sua validação foram lideradas por Dalson Figueiredo, professor associado de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Raphael Nishimura, do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, ambos com vasta experiência em amostragem eleitoral.
O New York Times utilizou o mesmo material do levantamento e chegou aos mesmos resultados, o que fortalece a credibilidade do estudo e aumenta as chances de que os números apresentados pelo CNE no domingo não sejam precisos.
Nos últimos meses, os pesquisadores coletaram dados de quatro eleições anteriores na Venezuela para identificar mesas de votação com tendências chavistas ou opositoras e selecionar uma amostra equilibrada para análise.
Assim, foram selecionadas 1.500 mesas de votação — de um total de 30 mil no país —, uma amostra considerada robusta por especialistas. A intenção dos pesquisadores era que, após o fechamento das urnas, sua equipe em campo obtivesse as atas eleitorais, que, segundo o regramento eleitoral local, devem ser divulgadas para as testemunhas da mesa.
Embora nem todas as atas tenham sido obtidas, a amostra é considerada ampla o suficiente para sustentar a projeção dos pesquisadores.