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domingo, 24 novembro, 2024
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Crise na Esplanada: O impacto político da reeleição de Maduro e a divisão interna no PT

Por Marina B.

A política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está causando turbulência dentro do próprio governo, com o envolvimento do Brasil na crise política da Venezuela reverberando em fatores internos. Segundo analistas, a questão pode ganhar destaque no debate nacional e acirrar a exclusão do PT nas eleições legislativas de outubro.

O PT, tradicionalmente alinhado com regimes de esquerda na América Latina, reafirmou sua proximidade com Nicolás Maduro ao reconhecer a reeleição controversa do ditador venezuelano. Em uma nota da Nacional Executiva, o partido saudou o autocrata e elogiou a “jornada importadora, democrática e soberana” do processo eleitoral na Venezuela.

Essa posição provocou uma fissura tanto dentro do PT quanto no governo, com várias figuras se distanciando da declaração oficial do partido. Especialistas alertam que o apoio explícito do PT a Maduro pode prejudicar os candidatos da legenda nas disputas municipais, especialmente em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.

“Em áreas com menos população, o tema pode não ter tanto impacto, mas em regiões maiores, como as com mais de 100 mil habitantes, pode ser um ponto negativo para os candidatos apoiados por Lula,” observa a cientista política Deysi Cioccari.

Além disso, Vito Villar, analista de política internacional da BMJ Consultores Associados, destaca que a política externa pesa nas eleições e, neste caso, o envolvimento com a Venezuela está prejudicando Lula e seu partido. “Nunca houve um país tão negativamente visto pela opinião pública brasileira como a Venezuela. O atual governo está enfrentando um custo político interno por seu apoio explícito a Maduro,” afirma Villar.

O ENREDO DA VENEZUELA: A POLÊMICA E O IMPACTO NO BRASIL

Antes de voltar ao poder, Lula já havia tentado restabelecer relações diplomáticas com a Venezuela, rompidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula ainda recebeu Maduro no Brasil e defendeu o regime chavista, chamando a Venezuela de vítima de uma “narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. Esta postura gerou críticas tanto de opositores quanto de aliados esquerdistas, como o ex-presidente argentino Alberto Fernández e o presidente chileno Gabriel Boric.

Com as eleições venezuelanas marcadas por irregularidades, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro com 51% dos votos. A falta de comprovação e o desaparecimento temporário do site da CNE aumentaram as suspeitas sobre a legitimidade dos resultados.

Enquanto o governo brasileiro optou por uma postura cautelosa e aguardou a publicação dos dados eleitorais para se pronunciar, o PT seguiu firme em sua declaração de apoio a Maduro. Lula, no entanto, tentou se distanciar das críticas, afirmando que o partido tem autonomia e que o governo adota uma abordagem diferente.

A INFLUÊNCIA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

O PT, que sofreu uma derrota nas eleições municipais de 2020, busca se recuperar e já está apoiando candidatos de diferentes linhas ideológicas para aumentar suas chances. No entanto, o apoio do partido a Maduro pode prejudicar suas candidaturas nas capitais, especialmente entre eleitores que buscam alternativas ao governo atual.

Deysi Cioccari alerta que a posição do PT sobre a Venezuela pode gerar uma perda de apoio entre eleitores que optaram pelo PT como uma alternativa ao bolsonarismo. “O discurso sobre o PT ser comunista e tentar instaurar uma ditadura no Brasil pode ressurgir, prejudicando ainda mais a imagem da legenda,” afirma a especialista.

DIVISÃO INTERNA E O FUTURO DO PT

A discordância sobre a postura em relação à Venezuela revela uma divisão dentro do PT e no governo. O partido enfrenta um dilema entre um núcleo mais radical, liderado por Gleisi Hoffmann, e uma ala mais moderada. A tentativa de Lula de equilibrar essas correntes internas pode estar se tornando um desafio, especialmente com a questão da Venezuela ganhando força como uma arma política.

A reportagem tentou obter uma posição do PT e da assessoria da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, mas não obteve resposta.

Informações da Gazeta do Povo

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