Em 2014, o Papa Francisco estabeleceu o dia 8 de fevereiro como uma data de importância crucial dedicada à Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas. Essa escolha não foi aleatória, pois coincide com a celebração de Santa Josefina Bakhita, uma religiosa sudanesa que, desde a infância, foi vítima do cruel comércio humano.
O tráfico de pessoas é um mal que assola cerca de 2,5 milhões de indivíduos e movimenta cerca de 32 bilhões de dólares anualmente, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Infelizmente, a pandemia e os conflitos recentes têm exacerbado essa atividade criminosa. Além disso, o tráfico humano está intrinsecamente ligado à desigualdade social, econômica, racial e de gênero, o que torna os mais vulneráveis ainda mais suscetíveis a essa terrível realidade.
Flagelos como o desemprego e subempregos contribuem para impulsionar essa prática nefasta. E é importante ressaltar que mulheres e meninas são as principais vítimas, especialmente no contexto da exploração sexual. De fato, segundo Alessandra Miranda, 72% das vítimas de tráfico humano são do sexo feminino, sujeitas à exploração e abusos.
A Igreja, atenta a esses alarmantes índices, tem ampliado seus esforços na prevenção e combate a esse crime. Organizações como o Conselho Episcopal Latino Americano, a CNBB, e a Rede Um Grito pela Vida, entre outras, têm promovido debates, seminários e iniciativas de conscientização. Além disso, articulam-se com as autoridades públicas para desenvolver ações mais abrangentes e eficazes de combate ao tráfico humano.
A Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, desempenhou um papel fundamental na conscientização sobre esse crime, especialmente entre os fiéis católicos. Esta campanha contribuiu significativamente para que as comunidades compreendessem a gravidade do tema e adotassem medidas concretas em resposta a ele.
O exemplo de Santa Josefina Bakhita, uma vítima do tráfico humano, ressalta a importância dessa luta. Seu testemunho inspira um compromisso renovado na busca pela erradicação desse crime hediondo. E as palavras e ações do Papa Francisco ecoam esse chamado, enfatizando a necessidade de uma Igreja que se volte para as periferias e se solidarize com os mais vulneráveis.
Neste Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, é essencial ouvir o clamor daqueles que sofrem e agir em solidariedade. A Igreja, através de seus diversos órgãos e organizações, continua a ser uma voz forte na defesa da dignidade humana e na luta contra o tráfico de pessoas.