Um tribunal russo rejeitou o apelo de Evan Gershkovich, jornalista norte-americano detido sob alegações de espionagem, tornando-o o primeiro jornalista dos EUA preso por tal motivo em décadas. Agências estatais russas noticiaram na sexta-feira que o repórter do Wall Street Journal perdeu sua tentativa de contestar a detenção.
Com 32 anos, Gershkovich é o primeiro cidadão dos EUA a enfrentar acusações de espionagem desde 1986, quando Nicholas Daniloff, correspondente em Moscou do US News and World Report, foi preso pelo serviço secreto soviético da KGB.
O tribunal, através do Telegram, anunciou que o período de detenção de Gershkovich seria estendido por mais dois meses, até 30 de março. O Cônsul Geral dos Estados Unidos, Stuart Wilson, participou da audiência a portas fechadas, pois as autoridades alegam que alguns detalhes do processo são confidenciais.
As acusações contra Gershkovich alegam que, “agindo de acordo com as instruções do lado americano, coletou informações que constituem segredo de Estado sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo”. Ele foi detido em Yekaterinburg, Rússia, durante uma viagem de reportagem em março de 2023.
A Rússia afirma ter capturado Gershkovich “em flagrante”, mas não apresentou publicamente evidências das alegações. Tanto o jornalista quanto o Wall Street Journal negam as acusações, e o governo dos EUA alega que ele está detido injustamente. A detenção de Gershkovich tem sido prorrogada várias vezes desde sua prisão.
Enquanto muitos jornalistas deixaram a Rússia após a invasão da Ucrânia, Gershkovich continuou a reportar do país. Em dezembro, o presidente russo, Vladimir Putin, expressou a esperança de trocas de prisioneiros entre Moscou e Washington, envolvendo os casos de Gershkovich e do veterano da Marinha dos EUA Paul Whelan, também detido por acusações de espionagem.
