A lista de países da União Europeia enfrentando protestos no setor agrícola há vários meses continua a aumentar. Agricultores estão indignados com os custos de produção resultantes de políticas voltadas para a redução de emissões.
Na quarta-feira, a mobilização dos agricultores franceses se intensificou em todo o país e em Bruxelas, refletindo o desconforto no setor agrícola em outras partes da Europa. Bloqueios foram realizados em várias localidades para obter “respostas concretas” do governo de Gabriel Attal, um dia após as mortes acidentais de uma agricultora e sua filha durante um bloqueio de estrada no sudoeste da França.
A França, sendo o maior produtor agrícola da União Europeia, recebe anualmente um total de 9 mil milhões de euros em subsídios no âmbito da Política Agrícola Comum, mais do que qualquer outro Estado-membro. Arnaud Rousseau, líder da Federação dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), anunciou que os agricultores apresentarão uma lista com cerca de 40 exigências nos próximos dias.
Tanto na França quanto em outros países europeus, os agricultores compartilham motivos semelhantes de insatisfação, incluindo o aumento do imposto sobre o diesel usado em tratores, os custos de adaptação às normas ambientais do pacto de transição ecológica da União Europeia, e a concorrência desleal de produtos de países como Brasil ou Ucrânia, que não estão sujeitos às mesmas regras.
Na Polônia, o governo de Donald Tusk busca um acordo com a Ucrânia para proteger os interesses dos agricultores polacos contra um influxo descontrolado de produtos agrícolas ucranianos. Protestos similares ocorreram nas últimas semanas na Alemanha, nos Países Baixos e na Romênia, onde os agricultores estão insatisfeitos com a regulamentação europeia e outras questões relacionadas à indústria alimentar local.
Os agricultores romenos continuam protestando pelo 14.º dia consecutivo, expressando descontentamento com as medidas apresentadas pelo governo. Na Grécia, os agricultores bloquearam estradas com tratores, exigindo uma melhor compensação por perdas na produção devido a desastres naturais e a construção de infraestrutura para proteger a agricultura das condições climáticas extremas.
Nesta quinta-feira, inicia-se o diálogo estratégico com o setor agroalimentar, conforme prometido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em resposta à crescente polarização na Europa. Cerca de 30 organizações do setor foram convidadas a participar desse debate sobre a agricultura e a transição para uma economia verde.