Na edição desta terça-feira (16) do jornal Le Monde, destaca-se uma matéria que aborda a problemática da violência no Rio de Janeiro, destacando a ineficácia das operações policiais no controle da criminalidade.
Sob o título “No Brasil, Lula derrotado pela ascensão do crime organizado”, a correspondente francesa Anne-Dominique Correa assina o texto, relatando a mudança de liderança em uma das principais milícias do estado carioca, com a prisão do Zinho, que comandava a milícia em Santa Cruz.
A reportagem recorda a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “retirar o poder do crime organizado”, ao anunciar o envio de 3.700 militares para vigiar portos e aeroportos no país. Contudo, o especialista em segurança Bruno Longeani, do Instituto “Sou da Paz”, citado pelo Le Monde, avalia essa operação como “não planificada” e com apenas “efeito paliativo”.
O advogado denuncia que os criminosos sentem-se livres para cometer homicídios a qualquer hora e em qualquer cidade, sem temer a prisão, destacando a necessidade de um reforço na inteligência, prevenção e coordenação entre as forças policiais estaduais e federais para promover uma mudança efetiva.
O texto prossegue explicando que a multiplicação de episódios violentos no Rio de Janeiro testemunha o avanço do crime organizado, que controla metade do território fluminense.
Desde o inicio de 2023, o Comando Vermelho vem avançando e dominando territórios de facções inimigas e das milícias, o que hoje é a maior causa da criminalidade no Rio de Janeiro. Até 2022 o tráfico dominava 81% das comunidades do RJ e a milícia 19%. Atualmente o percentual dominado pelo tráfico cresceu e o a da milícia encolheu.
O Le Monde também destaca o crescimento da violência na Bahia, que possui a segunda maior taxa de homicídios do país, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A Amazônia é mencionada como uma região que faz fronteira com países produtores de cocaína, tornando-se o “principal centro do tráfico de drogas da América Latina” e abrigando atividades ilícitas como o tráfico de animais selvagens, desmatamento ilegal e garimpo.
O Le Monde argumenta que os criminosos representam não apenas um desafio para a polícia, mas também para o governo, que enfrenta dificuldades em manter sua agenda política e cumprir objetivos sociais e ambientais. O texto conclui afirmando que a segurança pública tornou-se o “calcanhar de Aquiles do governo brasileiro”, visto que 47% das pessoas entrevistadas em uma pesquisa recente, consideram a política de segurança do governo Lula “muito ruim”. Pela primeira vez em seis anos, 60% dos brasileiros entrevistados consideram “a criminalidade o principal problema do país”, superando a corrupção e a economia.