A agitação causada pela “onda Madonna” pode ter diminuído, mas a ressaca na Assembleia Legislativa está longe de acabar nesta terça-feira (7). O Diário Oficial publicou a lista dos deputados indicados pelos partidos para a explosiva CPI da Transparência. Giovani Ratinho (SDD), Marcelo Dino (União), Val Ceasa (Patriota), Thiago Rangel (PRTB), Yuri (PSOL) e Rodrigo Amorim (União) foram escolhidos para compor a comissão, que já está agitando o governo estadual. Em reação ao Palácio Guanabara, até mesmo as pedras que revestem o Buraco do Lume, em frente à sede da Alerj, estão chamando a comissão de “CPI do Fim do Mundo”.
O requerimento para a instalação da comissão foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial na última segunda-feira, pelo vice-presidente Pedro Brazão (União), já que o presidente titular, Rodrigo Bacellar (União), estava em Portugal. O principal objetivo era investigar os contratos com organizações sociais em algumas pastas do estado. A cúpula do governo não quis correr riscos, reais ou não, e passou a noite tentando fazer com que os deputados da base retirassem suas assinaturas — algo não permitido pelo regimento interno da Assembleia.
Os parlamentares relatam que o governador Cláudio Castro (PL) chegou a telefonar para Altineu Côrtes, presidente estadual do PL; Eduardo Paes (PSD), prefeito; Doutor Luizinho, presidente do PP; e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, pedindo ajuda. Quando nada disso funcionou, enviou dois dos principais comandantes de sua equipe para Lisboa. O secretário-chefe do Gabinete, Rodrigo Abel, e o de Governo, André Moura, desembarcaram com a missão de convencer Bacellar a não instalar a comissão. Chegaram no dia em que o presidente da Assembleia saiu para jantar em comemoração ao aniversário de sua esposa, Manoella. No entanto, não encontraram Bacellar de bom humor.
Deputados próximos contam que, do outro lado do oceano, Bacellar ficou sabendo que, ao ligar para os líderes políticos do estado, o governador Cláudio Castro não foi muito elogioso — para dizer o mínimo — com seu aliado na casa legislativa. Isso teria magoado profundamente o presidente.
