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terça-feira, 22 outubro, 2024
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Levantamento revela que contratos sem licitação na Fundação Saúde do RJ são três vezes maiores que os de pregões

Por Alexandre Gomes

Um levantamento recente mostrou que, até outubro deste ano, a Fundação Saúde do Rio de Janeiro assinou 292 contratos emergenciais, totalizando mais de R$ 911 milhões, valor três vezes maior do que o de contratos realizados por pregão eletrônico, que somaram R$ 302 milhões. Os dados foram extraídos do Sistema Integrado de Gestão de Aquisições (Siga) e revelam que a prática de contratações sem licitação, que deveria ser exceção, tornou-se regra na fundação.

A fundação, que é responsável pela gestão das unidades de saúde do estado, foi criada em 2007 com o objetivo de facilitar contratações e compras na área da saúde. No entanto, a partir de 2021, as contratações emergenciais passaram a ser predominantes. Em 2023, a discrepância já era evidente: 618 contratos sem licitação somaram R$ 1,6 bilhão, em comparação com 139 pregões, no valor de R$ 372 milhões.

Além dos contratos sem licitação, outro problema crescente são os Termos de Ajuste de Contas (TACs), usados para pagamentos após a prestação de serviços, sem a formalização de contratos. Este ano, já foram pagos R$ 691 milhões via TACs, um aumento expressivo em relação a 2021, quando o valor foi de R$ 68 milhões.

Justificativas e críticas

A Secretaria Estadual de Saúde justificou o aumento das contratações emergenciais com a necessidade de evitar a descontinuidade dos serviços de saúde após a transição da gestão das organizações sociais (OSs) para a Fundação Saúde. Segundo a secretaria, houve um aumento de 490% na capacidade de gestão da fundação após a pandemia, o que demandou contratações urgentes.

Contudo, especialistas e órgãos de controle apontam para a falta de planejamento e má gestão. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), divulgado em abril, criticou o volume de contratos sem licitação, afirmando que isso reflete “falta de planejamento” e que a prática de dispensa de licitação passou a ser regra, em vez de exceção. O advogado Hermano Cabernite também destacou que esses contratos violam princípios de moralidade e impessoalidade, sendo “ilegais”.

Casos em investigação

A gestão da Fundação Saúde e seus contratos emergenciais estão sendo investigados. Um exemplo é o caso da médica Sallen Lopez de Souza Ferraz, que, enquanto diretora da UPA de Realengo, firmou um contrato de R$ 3,4 milhões por meio de sua própria empresa para prestar serviços na UPA de Santa Cruz. Casos similares envolvem diretores de unidades de saúde que se beneficiaram de contratos emergenciais e TACs, com valores que, em alguns casos, ultrapassam R$ 16 milhões.

As investigações reforçam a necessidade de revisão dos processos de contratação na fundação, enquanto o estado se compromete a aperfeiçoar o controle interno para reduzir o uso de contratos emergenciais.

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