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domingo, 24 novembro, 2024
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Infecções por HIV ocorreram por erro de procedimentos visando lucro, diz polícia

Por Alexandre Gomes

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) divulgou hoje, em coletiva de imprensa, que as infecções por HIV em pacientes que receberam órgãos transplantados no estado foram causadas por uma falha operacional com o objetivo de aumentar o lucro. O laboratório PCS Lab Saleme, responsável pelos testes de diagnóstico, está sendo investigado por negligência no controle de reagentes utilizados para detectar o vírus HIV.

De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, as primeiras investigações apontam para uma alteração nos procedimentos de checagem dos reagentes, supostamente visando a maximização dos lucros, o que comprometeu a segurança dos testes e resultou na transmissão do HIV para os pacientes. A investigação foi iniciada na sexta-feira (11) após um pedido da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).

Quebra de controle de qualidade

O Departamento-Geral de Polícia Especializada identificou que o protocolo de checagem dos reagentes foi quebrado. Esses reagentes, que deveriam ser verificados diariamente, passaram a ser checados semanalmente para reduzir custos operacionais. André Luiz de Souza Neves, delegado responsável, afirmou que essa mudança comprometeu a eficácia dos testes, resultando em infecções nos pacientes.

A polícia está conduzindo a investigação sob sigilo e promete novas diligências e depoimentos para esclarecer o caso por completo.

Prisões e apreensões

Na manhã desta segunda-feira, a Delegacia do Consumidor deflagrou uma operação com o cumprimento de 11 mandados de apreensão e quatro de prisão. Entre os presos estão o sócio principal do laboratório, Walter Vieira, e Ivanilson Fernandes, técnico de laboratório responsável pelas análises dos reagentes. Duas outras pessoas estão foragidas.

Apesar de o filho de Walter Vieira, Matheus, também ser sócio do PCS Lab Saleme, ele não foi alvo das prisões nesta fase da investigação, que está focada nos responsáveis diretos pelo processo de coleta e análise dos testes.

Investigações em andamento

A Polícia Civil continua a investigar a abrangência do problema, incluindo a reanálise de 300 outros exames de pacientes que também foram submetidos a procedimentos no laboratório. As autoridades afirmam que mais pessoas podem ser investigadas e presas conforme o caso avance.

Em nota, a defesa de Walter e Matheus Vieira declarou que repudia as acusações e negou qualquer esquema criminoso no laboratório, que opera há mais de 50 anos. Ambos afirmaram que estão dispostos a prestar todos os esclarecimentos à Justiça.

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