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Dia da Luta Contra o Câncer Infantil: Câmara do Rio garantiu campanha permanente e contribuiu para exames mais ágeis

Por Alexandre Gomes

Cidade teve 502 crianças identificadas com diferentes tipos da doença entre 2020 e 2024, e SMS criou processo especial para diagnósticos precoces. Médicas esclarecem dúvidas

Sábado, 15 de fevereiro, o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil chamou a atenção do mundo, mais uma vez, para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dos vários tipos da doença em crianças e adolescentes. A data, criada há 23 anos pela organização sem fins lucrativos Childhood Cancer International (CCI), tem como principal objetivo manter uma agenda global permanente de conscientização sobre o tema.

Números do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, só no estado do Rio de Janeiro, entre 2000 e 2021, cerca de 6,7 mil crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, foram atendidos em unidades especializadas — número que representa 7% dos mais de 93 mil em todo o Brasil no mesmo período. A instituição projeta ainda uma média de 7.930 novos casos por ano de jovens diagnosticados com algum tipo de câncer no país entre 2023 e 2025.

Na cidade, só entre 2020 e 2024, números levantados pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Painel Oncologia Brasil, indicam que houve registro de 502 casos diagnosticados de câncer entre crianças e adolescentes. Houve 100 novos casos em 2020, 105 em 2021, 122 em 2022, 125 em 2023, e 50 em 2024. Leucemia Linfóide (138 casos) e Neoplasia Maligna do Tecido Conjuntivo (104 casos) representam a maior parte desses diagnósticos.

A chefe de pediatria do Inca, Sima Ferman, explica que a descoberta precoce é a chave para salvar vidas.

“O câncer pediátrico é um problema de saúde pública no país, porque é a principal causa de morte por doença em crianças de 1 a 19 anos. Por outro lado, é potencialmente curável se o diagnóstico for precoce e houver o tratamento em centros especializados. Em países de alta renda, as chances de cura são superiores a 85%. No Brasil, a expectativa de cura ainda gira em torno de 65%, o que mostra que ainda há muito a melhorar”, diz Ferman.

Lei aprovada na Casa garante campanha permanente

Pensando na importância de informar e conscientizar sobre diagnóstico precoce e acesso ao tratamento, a Câmara do Rio aprovou o texto que originou a Lei nº 7.115, sancionada em novembro de 2021 pelo prefeito Eduardo Paes, que estabeleceu a Campanha Permanente de Conscientização sobre o Câncer Infantil na cidade. A norma determina que a Secretaria Municipal de Saúde deve, por meio da internet, cartazes, entre outros meios de comunicação do município, informar aos responsáveis sobre sintomas e alertas, além de formas de procurar ajuda.

“É uma nobre iniciativa apresentada pela Casa, que estimula ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil, que registra milhares de casos anualmente em crianças e adolescentes, e precisa ser combatido desde o início”, comenta César Maia (PSD), um dos autores do projeto, assinado também pelos vereadores Dr. Carlos Eduardo, Paulo Pinheiro, Rocal (PSD), Prof. Célio Lupparelli e Reimont.

Super Centro contribui para rapidez nos diagnósticos

A Câmara do Rio também doou à Saúde do município, entre 2021 e 2024, mais de R$ 440 milhões economizados pela Casa. Além do combate à Covid-19, ainda em alta durante este período, a verba também contribuiu para reforma de unidades e, principalmente, para a construção do Super Centro Carioca de Saúde, em Benfica, inaugurado em outubro de 2022. A unidade, com capacidade para 113 mil exames, consultas e procedimentos por mês, hoje contribui como um dos principais meios para que os pais consigam diagnosticar seus filhos com maior rapidez.

A SMS explica que implementou fluxos específicos para a realização de exames nas unidades de Atenção Primária à Saúde (Centros Municipais de Saúde e Clínicas da Família), quando há um caso suspeito de câncer infanto-juvenil. Visando otimizar o diagnóstico e o encaminhamento para uma unidade especializada, nestes casos, há liberação de resultados de exames laboratoriais em 48 horas, e de imagem, com prioridade.

Em 2024, município identificou e encaminhou 153 casos suspeitos

A maior referência na realização de exames para investigação de suspeita de câncer em crianças e adolescentes na rede municipal é o Hospital Municipal Jesus. Mas hoje, além dele, o Super Centro Carioca auxilia na investigação dos casos suspeitos de câncer infanto-juvenil. Em 2024, foram 153 casos suspeitos encaminhados para atenção especializada, segundo a SMS. No mesmo ano, foram registrados 59 casos de mortes por neoplasia entre residentes do município do Rio, menores de 1 ano até 19 anos.

A pediatra e gerente da Área Técnica de Saúde da Criança e do Adolescente da pasta, Fernanda Cristina Dias de Freitas Cruz, reforça que uma abordagem ágil e qualificada aumenta as chances de cura dos pacientes.

“A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada preferencial para as crianças, e o acompanhamento na puericultura desempenha um papel fundamental. Esse cuidado integral permite a detecção precoce de agravos, incluindo o câncer infantil”, explica.

“A capacitação dos profissionais para identificar sinais e sintomas iniciais das neoplasias mais comuns na infância é crucial para aumentar a suspeição e facilitar o diagnóstico precoce. Além disso, o estabelecimento de protocolos de exames para excluir doenças infecciosas, que são frequentemente encontradas nessa faixa etária, garante uma abordagem mais precisa e ágil. Esse conjunto de ações contribui para que as crianças com câncer recebam o tratamento adequado de forma mais rápida, ampliando as chances de cura e melhorando a qualidade de vida delas e de suas famílias”, acrescenta a pediatra.

O que você precisa saber sobre o câncer infantil

A pedido da Câmara, a chefe da pediatria do Inca, Sima Ferman, esclarece algumas das principais dúvidas sobre o câncer infantil: da importância do diagnóstico precoce às formas de tratamento. Veja abaixo:

Quais são os tipos de câncer que mais acometem a faixa etária infanto-juvenil?

“Os tumores mais frequentes em crianças são as leucemias, tumores de sistema nervoso central e linfomas. Outros tumores que ocorrem em crianças são sarcomas (tumores de partes moles), nefroblastoma (tumores renais), neuroblastoma (tumores de gânglios simpáticos) e retinoblastoma (tumor da retina do olho).”

Quais são os tratamentos possíveis?

“Há diversos centros de tratamento de câncer pediátrico no país que podem receber os pacientes para diagnóstico e tratamento oncológico, que inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia, de acordo com as características biológicas do tumor e a estratificação de risco de cada paciente. O objetivo do tratamento é aumentar as chances de cura e diminuir os efeitos tardios relacionados à terapia.”

Quais as peculiaridades em relação ao câncer em adultos?

“O câncer infanto-juvenil tem particularidades que o diferenciam do câncer do adulto. Tende a apresentar menor período de latência, costuma crescer rapidamente e torna-se bastante invasivo, porém responde melhor à quimioterapia. Muitos tumores pediátricos são considerados tumores embrionários, pois mantêm características de células presentes nos tecidos fetais.”

Qual a importância do diagnóstico precoce? Os médicos de atenção precoce precisam de preparação especial?

“O diagnóstico precoce muitas vezes é difícil, pois os sinais e sintomas se assemelham a doenças comuns da infância e, na verdade, as doenças comuns da infância são mais frequentes. Para os profissionais da atenção primária, é importante estar alerta aos sintomas de apresentação da doença e dar atenção a todas as queixas dos pais e das crianças. No caso de qualquer criança que vá ao posto de atendimento três vezes ou mais, com a mesma queixa, deve-se alertar para a possibilidade de câncer ou outra doença séria. Toda criança que estiver sintomática deve ser acompanhada até a elucidação do quadro. Em caso de dúvidas, é preciso consultar profissionais médicos ou mesmo o centro de atenção terciária. Dessa forma, será possível diagnosticar mais precocemente o câncer pediátrico.”

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