A CPI da Transparência, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), também apelidada de CPI do Fim do Mundo, intensifica suas investigações e agora inclui o presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon, como um dos alvos. A decisão foi tomada após o depoimento da assessora de comunicação da companhia, Denise Ribeiro, que revelou detalhes controversos sobre a gestão de patrocínios milionários realizados pela empresa. A CPI, presidida pelo deputado Alan Lopes (PL-RJ), tem se mostrado cada vez mais determinada a investigar o uso dos recursos da Cedae e outras áreas do governo estadual.
Durante a oitiva de Denise Ribeiro, realizada nesta terça-feira (1º), ficou evidente que a gestão de Ballon na Cedae é marcada por suspeitas de apadrinhamentos e uso indevido de recursos públicos para patrocínios de eventos que pouco ou nada contribuíram para a população. Além de Ballon, a CPI já havia convocado o gestor de Governança Socioambiental da Cedae, Allan Borges, e o presidente da Faperj, Jerson Lima da Silva, ambos também sob investigação por práticas questionáveis em suas respectivas áreas.
O vice-presidente da CPI, deputado Filippe Poubel (PL-RJ), foi enfático ao destacar as suspeitas que recaem sobre Ballon:
“Depois do depoimento da senhora Denise, ficou claro que o presidente apadrinhava os patrocínios para eventos. É fundamental que ele seja convocado para esclarecer essas práticas,” afirmou Poubel, destacando que o dinheiro público precisa ser tratado com rigor e responsabilidade, especialmente em tempos de crise.
Patrocínio ao Camarote Quem: gasto público mal justificado
Um dos pontos mais críticos levantados durante a oitiva foi o patrocínio de R$ 4,5 milhões da Cedae ao Camarote Quem, durante o Carnaval da Marquês de Sapucaí. A justificativa de Denise Ribeiro para esse gasto foi uma suposta contrapartida publicitária de R$ 14,5 milhões em veículos de comunicação, mas a explicação não convenceu os parlamentares. O patrocínio, que envolveu a compra de espaço em um camarote de luxo, gerou indignação na CPI, especialmente por ser um gasto elevado e com retornos de difícil verificação para os cofres públicos.
“A Cedae era focada apenas em obras, mas com a mudança para diretrizes ESG (Governança ambiental, social e corporativa), começou a justificar patrocínios milionários em eventos de prestígio, enquanto problemas graves no fornecimento de água persistem,” criticou Poubel.
O deputado Rodrigo Amorim (União-RJ) reforçou o ceticismo da CPI:
“Essa suposta contrapartida publicitária parece apenas uma tentativa de encobrir um uso irresponsável de recursos. Enquanto isso, a população do Rio continua sofrendo com falta d’água e problemas de infraestrutura,” afirmou o parlamentar, demonstrando sua indignação com o desvio de foco da companhia em relação ao que realmente importa: investimentos em saneamento e melhorias no serviço.
Convidados de luxo e falta de transparência
Outro ponto levantado pela CPI foi a lista de convidados da Cedae para o lounge exclusivo no camarote. Quando questionada, Denise Ribeiro mencionou alguns nomes, como os secretários Uruan Andrade (Infraestrutura e Obras Públicas) e Hugo Leal (Energia e Economia do Mar), mas não se recordou de todos os convidados. O fato de que uma lista tão restrita incluía autoridades e parceiros comerciais levanta ainda mais dúvidas sobre a utilização dos recursos da Cedae para fins de influência política e troca de favores.
A falta de transparência em todas essas operações tem sido um tema central nas investigações da CPI. O presidente da comissão, Alan Lopes, foi incisivo ao exigir que a Cedae apresente um relatório detalhado sobre o impacto dos eventos patrocinados pela companhia. “Não é aceitável que uma empresa estatal, que deveria estar focada em fornecer água de qualidade à população e melhorar o saneamento, esteja gastando milhões com publicidade em festas luxuosas,” criticou Lopes.
A atuação implacável da CPI
Sob a liderança de Alan Lopes, e com o apoio decisivo de membros como Filippe Poubel e Rodrigo Amorim, a CPI da Transparência avança de forma implacável contra irregularidades e o uso inadequado de recursos públicos. A convocação de Aguinaldo Ballon promete ser um dos momentos decisivos da investigação, que busca esclarecer o real impacto dos patrocínios e a responsabilidade dos gestores da Cedae.
A pressão da CPI para que a Cedae e outras áreas do governo estadual prestem contas à sociedade reflete o compromisso dos parlamentares com a transparência e a boa gestão dos recursos públicos. A próxima sessão da comissão, que contará com o depoimento de representantes das agências de publicidade que prestam serviços ao governo, deve trazer novas revelações importantes para o andamento da investigação.
A expectativa é que essas investigações não só responsabilizem os envolvidos, mas também tragam melhorias efetivas na gestão pública do Estado do Rio de Janeiro