Dólar Hoje Euro Hoje
segunda-feira, 25 novembro, 2024
Início » Comissão de Orçamento defende que remanejamento dos recursos da Rioprevidência precisa ser aprovado pela ALERJ

Comissão de Orçamento defende que remanejamento dos recursos da Rioprevidência precisa ser aprovado pela ALERJ

Por Alexandre Gomes

A equipe do Executivo garantiu que o redirecionamento desse recurso não afetará o pagamento de salários de aposentados e pensionistas, mas que garantirá um fechamento de 2024 sem déficit orçamentário.

Os deputados da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) questionaram a forma como o Governo do Estado tentou realizar o remanejamento de R$ 4,9 bilhões de royalties e participações de petróleo destinados ao Rioprevidência. Em setembro, o Executivo emitiu dois decretos (49.291/24 e 49.292/24) sobre o tema, que estão judicializados. Para os parlamentares, a medida só poderia ser realizada por meio de lei e com ampla discussão do Parlamento fluminense. A equipe do governo, presente na reunião do colegiado desta terça-feira (15/10), apresentou as metas fiscais do segundo quadrimestre deste ano e defendeu o remanejamento justificando que o objetivo é fechar 2024 sem déficit e que a medida não afetará o pagamento de salários de aposentados e pensionistas.

Os decretos do Executivo garantem o remanejamento de recursos de royalties e participações de petróleo para o pagamento de dívidas com a União, que este ano foram limitadas a R$ 4,9 bilhões devido a uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar de os parlamentares concordarem que o Executivo não utilizou as ferramentas jurídicas corretas, eles divergem quanto ao mérito da medida. Presidente da comissão, o deputado André Corrêa (PP) é favorável ao remanejamento e disse que os orçamentos públicos são engessados. Ele frisou que a curto e médio prazo esse remanejamento não trará problemas financeiros, já que há recursos no Rioprevidência que asseguram os pagamentos de salários de aposentados e pensionistas.

“Essa discussão deu a entender que haveria atraso nos salários. Fui a público para esclarecer que, na realidade, é um mero artifício contábil necessário. Isso não quer dizer que não estamos em crise. Mas está havendo um esforço orçamentário enorme e no curto e médio prazo, acredito que até o final da gestão do atual governo não haverá problemas graves e atrasos de salários, como já ocorreu no passado”, explicou o parlamentar, ressaltando, no entanto, que o instrumento jurídico utilizado foi equivocado e não privilegiou o debate com o Parlamento.

Por sua vez, o deputado Luiz Paulo (PSD), um dos decanos da Casa, é autor do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 07/24 que susta os efeitos dos decretos do Executivo. O parlamentar ressaltou que a Casa já havia aprovado proposta de remanejamento dos fundos estaduais no ano passado e que, na época, foi acordado que as receitas do Rioprevidência não seriam alteradas. O parlamentar também elencou outras possibilidades de angariar recursos, como a aplicação de IPVA em embarcações e aeronaves de passeio.

“Acredito que esses decretos são extremamente preocupantes e não atendem às normas legais, já que fere duas leis complementares federais. Apesar de o Executivo justificar que não trará problemas no presente de pagamentos de salários, precisamos olhar para o Rioprevidência com o olhar de futuro, já que o fundo é altamente deficitário. Outro problema é que a medida tem que ser clara em definir que o remanejamento só ocorreria este ano, não deixando possibilidades para qualquer outro período”, declarou o parlamentar. Os decretos do Governo do Estado também foram judicializados pelo mandato do deputado Flávio Serafini (PSol).

Ao apresentar o relatório das metas fiscais do segundo quadrimestre deste ano, o subsecretario-geral de Fazenda, Gustavo Alves Tillmann, explicou que o remanejamento de recursos de royalties e participações de petróleo proporcionará o pagamento dos salários dos funcionários ativos e que possibilitará que o Executivo feche o ano sem déficit. A meta do governo é fechar o ano com superávit de R$ 2,1 bilhões.

“O Tesouro do Estado é garantidor do Rioprevidência. Essa medida é somente uma segurança para que tudo seja pago neste ano. Há recursos financeiros disponíveis, só estão nas caixinhas erradas do orçamento. Então, se as contas fecharem sem a necessidade de usar esses recursos, devolve-se para o Rioprevidência. Ou mesmo, se tiver algum problema, o tesouro tem a obrigação de cobrir”, garantiu o integrante da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).

Fundo previdenciário

Durante a discussão dos recursos do Rioprevidência, os deputados também concordaram em realizar uma audiência pública sobre as aplicações do fundo previdenciário, ainda sem data definida. Luiz Paulo levantou a questão de que recursos do Rioprevidência estão sendo aplicados em bancos privados. “Temos que ser cautelosos e chamar todos os agentes, inclusive os financeiros, para prestar esclarecimentos. A meu ver, um fundo de aposentadoria não pode ter riscos e, com isso, só deve aplicar recursos em bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal”, concluiu.

Além de André Corrêa, Luiz Paulo (PSD) e Flávio Serafini (PSol), também estiveram presentes à reunião a deputada Martha Rocha (PDT) e o parlamentar Vinícius Cozzolino (União). Pela equipe do governo também participaram o subsecretário de Tesouro, Bruno Schettini, e o subsecretário de Planejamento e Gestão, Rafael Ventura Abreu

Relatório do 2º quadrimestre de 2024

A apresentação do relatório do Executivo para este quadrimestre também mostra que medidas aprovadas pela Alerj, como a alteração da alíquota modal de ICMS de 18% para 20% (Lei 10.253/23), estão surtindo efeito. A arrecadação do imposto aumentou 14,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado, em especial nas atividades de óleo, gás, comércio e energia elétrica.

O Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP), que recebe recursos de ICMS, teve as receitas aumentadas em 17,9%. As receitas líquidas totais foram de R$ 68,4 bilhões. Apesar do aumento da arrecadação, as despesas do Executivo também aumentaram, chegando a R$ 62,8 bilhões neste quadrimestre, impactado pelo crescimento das despesas com pessoal em R$ 3,0 bilhões comparando com o mesmo período do ano passado.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.