Apesar das declarações alarmantes do governador Cláudio Castro (PL) sobre um possível déficit de R$ 13 bilhões em 2025 e as advertências sobre atrasos de salários caso a dívida com a União não seja renegociada, nem todas as secretarias do governo parecem estar enfrentando dificuldades financeiras.
O Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura (IEEA), vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Obra, acaba de lançar um edital impressionante, estimado em R$ 762,6 milhões. O objetivo é contratar uma empresa para fornecer consultoria e difusão da tecnologia BIM (Building Information Modeling), uma abordagem inovadora para a modelagem de projetos de construção.
Investimento em tecnologia
Considerando o “grande vulto” da licitação, o IEEA realizará uma audiência pública no próximo dia 9 de outubro para esclarecer dúvidas sobre essa iniciativa que promete transformar as obras do estado. A justificativa apresentada para essa contratação é que o instituto não possui os recursos técnicos necessários para conduzir um laboratório de estudos sobre a tecnologia BIM, além de enfrentar uma carência de funcionários devido à vacância de cargos que se intensificou desde a vigência do Regime de Recuperação Fiscal.
A implementação da tecnologia BIM é apresentada como uma solução eficaz, prometendo benefícios como maior precisão nas estimativas de custos, redução de prazos e desperdícios, além de facilitar a identificação de conflitos e minimizar retrabalhos.
Um contraste inquietante
Esse lançamento de edital gera uma contradição inquietante em um cenário de crise financeira anunciado pelo governo. Enquanto o governador pede que as secretarias apertam os cintos e admite dificuldades orçamentárias, a alocação de quase R$ 800 milhões em um projeto tecnológico suscita questionamentos sobre as prioridades do estado. Como é possível investir de forma tão significativa em tecnologia, enquanto há alertas sobre a precarização de serviços públicos e a necessidade de renegociação de dívidas?
A expectativa é que essa iniciativa não apenas traga inovações para a infraestrutura do estado, mas também que as preocupações sobre a crise financeira não se tornem um mero discurso, mas sim uma realidade que exige soluções concretas e sustentáveis. O desafio para o governo será equilibrar investimentos como este com a necessidade urgente de garantir a estabilidade fiscal e o bem-estar dos cidadãos fluminenses.