Jair Bolsonaro (PL) desembarca no Rio de Janeiro com uma agenda intensa ao lado do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), numa tentativa de levar a disputa pela Prefeitura para o segundo turno.
A estratégia, apelidada de “Bolsonaro Week”, é um movimento crucial para Ramagem, que começou a campanha com alto nível de desconhecimento, mas vem ganhando tração entre os eleitores bolsonaristas. Bolsonaro dedicará os últimos dias da campanha ao Rio, focando em ampliar o apoio a Ramagem. Essa aliança reforça a força política da direita no Rio, uma base onde Bolsonaro venceu com ampla margem em 2022 e pretende consolidar sua influência.
Direita em ascensão e o fortalecimento de Ramagem
A chegada de Bolsonaro à campanha de Ramagem reforça o poder de mobilização do ex-presidente e sua capacidade de atrair eleitores conservadores. Desde o início, Ramagem teve apoio de membros importantes da família Bolsonaro, como o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro. Agora, com a presença direta de Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro, a campanha ganha um novo impulso, especialmente entre o eleitorado evangélico, um dos principais redutos de apoio a Bolsonaro.
Apesar de o prefeito Eduardo Paes ainda ter uma vantagem em diversos segmentos, Bolsonaro está empenhado em reverter esse cenário, especialmente em atrair o eleitorado que se identifica com os valores conservadores e que, até agora, não havia se mobilizado de forma expressiva em torno de Ramagem.
Críticas ao distanciamento de Paes e Lula
A postura de Eduardo Paes durante a campanha também levanta questionamentos. Paes, que esteve ao lado de Lula em 2022, agora tenta se distanciar do presidente petista, evitando nacionalizar sua campanha. Embora tenha recebido apoio de Lula, o prefeito manteve o presidente longe de sua campanha, um contraste evidente com a aproximação que ele teve na última eleição.
A estratégia de Paes de se descolar de Lula, ao mesmo tempo em que tenta manter parcerias com o governo federal, tem sido alvo de críticas tanto da esquerda quanto da direita. Sua tentativa de neutralizar o impacto da figura de Bolsonaro no pleito pode ser vista como um sinal de fraqueza ou falta de convicção, especialmente em comparação com a postura incisiva do ex-presidente em apoiar Ramagem.
Bolsonaro: firme no embate contra à esquerda
A promessa de Bolsonaro em 2022, de dar o troco em Paes, finalmente se materializa. Na época, o ex-presidente acusou o prefeito de traição, após ele apoiar abertamente Lula na corrida presidencial. Durante um ato na zona oeste do Rio, Bolsonaro não mediu palavras: “Vai ter o troco em 2024”, disse, referindo-se ao prefeito como “vagabundo” e “mentiroso”.
Agora, Bolsonaro volta ao Rio de Janeiro com um objetivo claro: enfraquecer o domínio de Paes e reforçar a força política da direita na capital fluminense. A presença do ex-presidente, com sua alta popularidade entre os eleitores mais conservadores, promete um embate acirrado até o último momento da campanha.
Ramagem e a ascensão da direita
A candidatura de Alexandre Ramagem representa uma nova fase da direita no Rio de Janeiro. Com o apoio de Bolsonaro, ele se posiciona como a principal alternativa conservadora ao projeto de Paes, que, segundo seus críticos, se alinha demasiadamente com o governo federal petista. Bolsonaro, por sua vez, vê em Ramagem a oportunidade de consolidar a base política no Rio de Janeiro, um ponto estratégico para o movimento conservador no país.
Com a reta final da campanha focada na capital fluminense, a expectativa é de que Ramagem consiga aumentar ainda mais suas intenções de voto e forçar o segundo turno. Para a direita, essa é uma chance de ouro para retomar o controle de uma das cidades mais importantes do Brasil, reafirmando a força política de Bolsonaro e sua capacidade de mobilização mesmo fora da Presidência.
Um embate decisivo
Enquanto Eduardo Paes busca neutralizar a influência de Bolsonaro e manter sua liderança, a entrada vigorosa do ex-presidente na campanha de Ramagem pode mudar o rumo da eleição. O embate entre Paes e Bolsonaro simboliza mais do que uma disputa local; é um reflexo do confronto nacional entre a esquerda de Lula e a direita de Bolsonaro, cujas ramificações vão além da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Com a “Bolsonaro Week” em pleno andamento, as próximas horas serão cruciais para Ramagem e seus aliados conservadores. O resultado dessa estratégia pode muito bem definir os rumos da direita na capital fluminense e no cenário político brasileiro como um todo.