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quarta-feira, 16 abril, 2025
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Alerj concede Medalha Tiradentes post mortem para Narcisa Amália, primeira jornalista do país

Por Alexandre Gomes

Condecoração integra as ações que marcam o centenário de falecimento da também educadora e poetisa.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) condecorou nesta quinta-feira (03/04), a poeta, jornalista e educadora Narcisa Amália (1852-1924) com a Medalha Tiradentes post mortem, maior honraria concedida pelo Parlamento Fluminense. A iniciativa é da deputada estadual Carla Machado (PT) e integra as ações que marcam o centenário de falecimento da homenageada. A sessão solene aconteceu no Plenário da Casa.

Com o plenário lotado, a bisneta de Narcisa Amália, Nilza Ericson, recebeu a Medalha Tiradentes post mortem. Muito emocionada, ela agradeceu a todos que se dedicaram a resgatar a relevância do legado da bisavó para a literatura e para a luta das mulheres.

“Para a nossa família, essa homenagem é motivo de orgulho, honra e gratidão a todos que contribuíram para iluminar o legado da minha bisavó que, apesar do apagamento histórico, nunca deixou de ser símbolo de resistência e inovação. Pelo contrário, ressurge agora com a força para inspirar novas gerações, comentou Ericson.

Na abertura do evento, a deputada Carla Machado destacou o pensamento progressista, a poesia combativa, a atuação na imprensa e os esforços em favor dos direitos humanos, demonstrando que a sua luta permanece atual.

“Ainda hoje, enfrentamos desafios semelhantes aos que ela denunciava no século XIX, e é nossa responsabilidade garantir que seu sonho de um mundo mais justo e igualitário continue vivo. Ao concedermos esta medalha, reafirmamos nosso reconhecimento e nossa gratidão a Narcisa Amália. Que sua obra siga sendo estudada, sua trajetória exaltada e seu exemplo seguido,” afirmou a parlamentar.

Ao encerrar sua fala, Carla Machado destacou ainda a ligação da Narcisa Amália com o Kardecismo, que teve diversos poemas psicografados por Chico Xavier e declamou o poema intitulado “Mãe”, que reflete, com sensibilidade e profundidade, os sentimentos maternos e a conexão entre mães e filhos.”

Luta pelos direitos das mulheres

A mesa foi composta também por estudiosos, artistas e jornalistas que, ao longo dos anos, têm se dedicado a resgatar a relevância de Narcisa para a literatura e para a luta pelos direitos das mulheres. Pesquisadores e professoras como Anna Faederich da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Christina Ramalho da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o historiador Bruno Costa, a jornalista e dramaturga Cilene Guedes que mantém viva sua memória e o seu legado.

Também foram convidadas para fazer parte da mesa de abertura, a prefeita de São João da Barra e representante do Centro Cultural Narcisa Amália, Carla Caputti, a presidente da Câmara Municipal de São João da Barra, Soninha Pereira, a diretora da Escola Municipal Narcisa Amália, Maria José Oliveira, além da bisneta da homenageada, Nilza Ericson.

Durante a solenidade, a atriz e educadora Beth Araujo que desenvolveu projetos sobre poesia e teatro, especialmente em escolas, declamou o poema ‘Porque Sou Forte’ que trata sobre os desafios de fazer poesia naquela época.

Todos foram agraciados com a entrega de Moções de Aplausos e Congratulações, além de um vaso com uma violeta, flor predileta de Narcisa por ser o nome da sua filha.

Ao final, a banda União dos Operários, de São João da Barra, com a regência do vice- presidente e maestro oficial Roberto Fernandes Martins, brindou a todos com uma peça do Século XIX baseada em poemas da Narcisa, em arranjos do músico sanjoanense Ijonnys Machado, com as músicas “Africano e o Poeta” e “Recordações do Itatiaia”.

E não é que a Boneca de Narcisa Amália apareceu e surpreendeu a todos, saudando os convidados e encerrando a solenidade.

Prêmio Narcisa Amália

Além da maior honraria do Legislativo estadual, a Alerj aprovou a criação do Prêmio Narcisa Amália de Literatura e Jornalismo, voltado a estudantes do ensino médio, matriculados em escolas públicas sediadas no Rio, que se destacarem na produção literária e de jornais escolares. A regulamentação consta no Projeto de Resolução 1.023/24, de autoria da deputada Carla Machado (PT).

Nascida em São João da Barra (RJ), Narcisa foi poeta, escritora, tradutora, crítica literária e jornalista brasileira. Foi reconhecida pelos seus versos que equilibram lirismo e comentários políticos. Foi a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional no Brasil, escrevendo textos para diversos periódicos pelo país.

Movida por forte sensibilidade social, ela combateu a opressão da mulher e o regime escravista. Entusiasta do Kardecismo realizou reuniões espíritas e ao longo do Século XX, teve diversos poemas psicografados que foram atribuídos ao seu nome, incluindo obras de Chico Xavier.

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