A crescente violência na África Subsaariana, agravada pela expansão do Boko Haram, deixou muitas mulheres viúvas ou sem membros da família. Embora as atrocidades do Boko Haram na Nigéria recebam ampla atenção, a destruição em comunidades cristãs no Norte de Camarões é igualmente devastadora.
Os parceiros locais da Portas Abertas estão presentes na região, oferecendo encorajamento e suporte aos cristãos perseguidos. Em homenagem ao Dia Nacional de Camarões, celebrado ontem (20), e na semana do Domingo da Igreja Perseguida 2024, cujo tema é “Desperta África”, destacamos o ministério com mulheres, vital para a recuperação das vítimas da violência. Nos dias 29 e 30 de maio de 2023, 111 mulheres se reuniram em uma igreja no Norte de Camarões. A maioria eram viúvas ou haviam perdido familiares em ataques do Boko Haram. Estas mulheres, muitas vezes isoladas e sem oportunidade de expressar seu luto, encontraram no grupo de apoio organizado pela Portas Abertas um espaço para compartilhar suas preocupações e encontrar solidariedade.
Os workshops e momentos de oração foram fundamentais para que essas mulheres encontrassem um novo propósito. Inicialmente retraídas e tristes, elas começaram a abrir seus corações com a leitura de textos bíblicos e orações. “No primeiro dia do seminário, não sabíamos como começar, porque a maioria das mulheres estava fria, triste e magoada. Elas não estavam respondendo às primeiras discussões. Decidimos então usar diretamente os textos bíblicos e fazer momentos de oração”, conta um dos organizadores. Com o tempo, a presença do Espírito Santo trouxe alegria e paz, demonstrando que, mesmo em meio à dor, Deus oferecia consolo e cura.
Em agosto de 2023, outros 43 seminários de cuidados pós-trauma foram organizados, dividindo as viúvas em grupos conforme as circunstâncias das mortes de seus maridos. As histórias compartilhadas criaram uma rede de apoio e identificação mútua, crucial para a recuperação emocional. Além do apoio emocional, as mulheres receberam ajuda emergencial com alimentos e itens básicos, essenciais para a sobrevivência nos acampamentos de deslocados internos. Esta assistência foi fundamental para elas e seus filhos, que carecem de recursos diários.
As palavras de gratidão das participantes refletem o impacto profundo do apoio recebido. “Obrigada, muito obrigada! Há cinco anos durmo nas montanhas. Obrigada por cuidarem de nós”, disse uma das participantes. Fatou, outra participante, de 33 anos, cujo marido foi assassinado em abril de 2023, compartilhou: “Aprendi que não posso guardar os sentimentos no coração, porque isso nos sufoca e adoece nosso corpo e espírito”. Apesar dos desafios impostos pela violência do Boko Haram, a resiliência e a esperança dessas mulheres, apoiadas pelo trabalho incansável da Portas Abertas e seus parceiros, mostram que a fé e a solidariedade podem proporcionar um caminho para a cura e a renovação.